O Quarto do Menino

"No meu quarto que eu lia, escrevia, desenhava, pintava, imaginava mil projetos, criava outros mil objetos... Por isso, recebi o apelido de 'Menino do Quarto', título que adotei como pseudônimo e hoje, compartilho neste 'Quarto Virtual do Menino', o que normalmente ainda é gerado em meu próprio quarto". Bem, esse início já é passado; o 'menino' se casou (set/2008); há agora dois quartos, o do casal e o da bagunça... Assim, diretamente do quarto da bagunça, entrem e fiquem a vontade! Sobre a imagem de fundo: A primeira é uma reprodução do quadro "O Quarto" de Vicent Van Gogh; a segunda, é uma releitura que encontrei no site http://www.computerarts.com.br/index.php?cat_id=369. Esta longe de ser o MEU quarto da bagunça, mas em 2007, há um post em que cito o quadro de Van Gogh. Como disse, nada mais propício!!!... Passaram-se mais alguns anos, e o quarto da bagunça, já não é mais da bagunça... é o Quarto do Lorenzo, nosso primogênito, que nasceu em dezembro de 2010!

quinta-feira, dezembro 22, 2005

Breve Reflexão sobre o ano que se finda!

Ainda não aprendi a curar este mal: desejar escrever, escrever, escrever e escrever quando estou fazendo coisas outras mil... E quando tenho a oportunidade de, finalmente escrever, não há inspiração como aquela que há quando não posso escrever o que me vem a mente. O que fazer para remediar este mal? Escrever qualquer coisa que não aquilo que planejei?!

Desejo um dia poder escrever uma crônica sobre minha caminhada estudantil, uma reflexão de como foi ser estudante e hoje ser formado em Pedagogia, sentir a responsabilidade de ser Educador e como o saldo entre uma coisa e outra – ter sido estudante e hoje ser educador, chega a ser apavorante, tamanha a responsabilidade!

É porque sinto que fui grandemente lesado em minha educação, desde os tempos da educação infantil, lá em 1986 até os níveis fundamental, médio, técnico e mesmo o superior. Mas isso é uma imensa bola de neve. Não começou certo lá no inicio... Poderia ter tomado outro rumo caso a maioria dos meus professores fossem realmente professores e não meros trabalhadores presos em uma forma de subsistência, ganha-pão e nada mais!

Não os recrimino! Daí o medo em escrever esta crônica... Sempre os admirei, os meus mestres! Claro, existiram algumas raridades, mais que professores, tornaram-se seres humanos inesquecíveis... Tenho medo de ser mal interpretado ou de mesmo ficar com um peso na consciência, passar por mal agradecido...

Farei algumas tentativas... se vingar – a crônica – claro que a publicarei aqui!

Como estamos no último mês do ano, nada mais propicio que fazer um balanço do que passou. Foi o ano em que me formei no nível superior. No dia 23 de julho de 2005, numa singela e humilde cerimônia de colação de grau. Graduado em Pedagogia, Licenciatura Plena, Habilitado em Deficiência Auditiva. Concordo que não é um curso com status... que me importa! Pelo menos terei direito à cela especial caso precise de uma algum dia... Brincadeira – de mau gosto! A verdade é que aprendi a valorizar o curso que durou 4 anos e meio... a sociedade pode não valorizar, mas a profissão possui um valor inestimável que dinheiro algum pode pagar. (Quem quiser conferir algumas fotos da formatura tiradas pelo Marcus e Priscila, é só acessar:


Este ano também foi bastante agitado com relação ao ministério ao qual o Senhor Jesus me chamou para O servir: o Ministério de Surdos. O ser humano é difícil por natureza; natureza esta egoísta, mesquinha... O que seria de nós sem a graça e o amor de Cristo em nós. Temos exemplos abundantes de qual é o final dos homens entregues a si mesmos... É muito, muito triste!! Somada a esta condição do ser humano temos a questão das deficiências, das famílias que possuem um, da sociedade que ainda não aprendeu a conviver com eles...

Realmente, nestas páginas da minha vida reconheço a Mão do Divino Mestre... Quem, senão somente Deus poderia aproximar a mim do mundo dos surdos, da língua de sinais, eu que parente nem amigo surdo tinha até então?! Usar este ministério para mostrar-me minha condição de pecador, criatura distante do Criador... O Espírito Santo, de maneira peculiar me apresentou a salvação em Cristo Jesus, a importância da Bíblia e como é preciso posicionar-se com Jesus.

Claro que questionei a Deus se precisava continuar no ministério de surdos. Tão lindo para quem olha os intérpretes e os surdos se comunicando, mas não imaginam nem o mínimo do que são os bastidores deste ministério, dessa comunidade surda.

Se não fosse a clarividência de que somente o Senhor poderia ter me aproximado dos surdos, da língua de sinais, direcionado-me até profissionalmente, eu já teria abandonado!

Quanta coisa boa tenho para contar sobre estes cinco anos e meio de contato com a língua de sinais e com os surdos, com o ministério de surdos da igreja na qual sou membro... como também existem muitas coisas e episódios tristes. Afinal, essa é a vida! Mas não precisa ser assim até o final!

Enfim... foi um bom ano, excelente! Mas, o mais profundo do meu ser grita a cada novo anseio, seja ele realizado ou frustrado o que o apostolo Paulo deixou registrado em sua 1ª carta aos Coríntios 2:9, “Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano, o que Deus tem preparado para aqueles que o amam”. E esta promessa não está nenhum pouco relacionada às coisas desta terra... Aleluias por isso!

quinta-feira, outubro 20, 2005

Alguns sósias!!!

A seguir uma lista de personagens e pessoas com as quais já me compararam, dizendo que a semelhança era muito grande. Algumas podem até ser verdadeiras, outras nem tanto! Depende do olho de quem vê...

Foi na Legião Mirim de Marília (1996-1997) que me disseram pela primeira vez que eu parecia o “Doug”, o personagem principal do desenho animado da TV Cultura “Doug Funny”. Nunca o assisti com afinco... quanto à semelhança, começo a desconfiar que pode proceder, pois alguns anos se passaram e neste exato ano de 2005, minha amiga e irmã em Cristo, Kallú, disse que me achava muito parecido com o Doug e ela deve ser fã, pois até me indicou onde conseguir umas figuras dele, como as que seguem:

Doug

Outra amiga, Ana Carolina, da UNESP, sempre me chamou de Menino Maluquinho, do Ziraldo. Deve ser por causa de minha “pequena” cabeça, ou do seu formato “um tanto” arredondado. Sempre achei carinhoso da parte dela. Ah, se o Ziraldo tivesse me conhecido quando eu tinha 11 anos de idade, talvez eu estrelasse o filme, tirado de seu livro famoso e hoje também o seria. Aliás, acho que o ator Samuel Costa se parece bastante comigo, principalmente na foto em que estou com nove anos de idade, foto que acompanha o meu RG há 15 anos!!!

Menino Maluquinho
Samuel Costa como Menino Maluquinho

Saindo do desenho animado para semelhanças mais de carne e osso (para quem me conhece pessoalmente, sabe que é mais osso do que carne), um amigo - o Valtinho e sua irmã Tatiane me disseram que eu lembro demais o ator americano de filmes, Burt Reynolds, quando ele era mais novo, claro. Conhecem? Nem eu!!
Burt Reynolds
E esse que está aí logo mais embaixo, sou eu:

Bem, a lista vai aumentar. Segundo a Priscila Mendonça Fernandes (ligeiramente grávida), após assistir "Little Chicken", disse que o galinho protagonista fez ela lembrar-se de mim o filme todo... Ah meu Deus. Agora estou curioso para ver o filme. Já andei rindo vendo o trailer na internet!!!

quarta-feira, outubro 19, 2005

Isaías 35


O deserto se alegrará, e crescerão flores nas terras secas;
cheio de flores, o deserto cantará de alegria.
Deus o tornará tão belo como os montes Líbanos,
tão fértil como o monte Carmelo e o vale de Sarom.
Todos verão a glória do SENHOR, verão a grandeza do nosso Deus.
Fortaleçam as mãos cansadas, dêem firmeza aos joelhos fracos.
Digam aos desanimados: "Não tenham medo; animem-se, pois o nosso Deus está aqui.
Ele vem para nos salvar, Ele vem para castigar os nossos inimigos".
Então os cegos verão, e os surdos ouvirão;
os aleijados pularão e dançarão, e os mudos cantarão de alegria.
Pois fontes brotarão no deserto, e rios correrão pelas terras secas.
A areia quente do deserto virará um lago,
e haverá muitas fontes nas terras secas.
Os lugares onde agora vivem os animais do deserto
virarão brejos onde crescerão taboas e juncos.
Haverá ali uma estrada que será chamada de "Caminho da Santidade".
Nela, não caminharão os impuros, pois ela pertence somente ao povo de Deus.
Até os tolos andarão nela e não se perderão.
Nesse caminho, não haverá leões, animais selvagens não passarão por ele;
ali andarão somente os salvos.
Aqueles a quem o SENHOR salvar voltarão para casa,
voltarão cantando para Jerusalém e ali viverão felizes para sempre.
A alegria e a felicidade os acompanharão, e não haverá mais tristeza nem choro.

Este capítulo do livro de Isaías é uma poesia profética! Mais que a imaginação, a fé e a própria Bíblia me dão a certeza de que tais palavras se cumprirão, como tantas outras passagens bíblicas que já foram cumpridas. Ah, como é bom, mais que excelente saber que um dia a alegria e a felicidade [eterna] me acompanharão; que não mais precisarei estar triste e derramar lágrimas. Pois “meus olhos verão o REI na Sua formosura” (Isaías 33:17a).
Cedro do Líbano

Monte Carmelo

Flora do Vale de Sarom

quinta-feira, outubro 13, 2005

Uma Singela Homenagem aos meus Amigos Canhotos

Essa é uma longa história; a lateralidade e a importância que tem em minha vida. Escrevi a respeito na Trajetória Escolar, no 2º ano da faculdade, texto monográfico apresentado à professora Drª. Maria do Rosário Longo Mortatti, um encanto de pessoa, pois respira e exala literatura. Vamos a histórias dos destros e canhotos, então:

“Como introdução, uma necessária explicação

Escrever sempre foi um imperativo para mim. Escrever sempre: por obrigação, por diversão, copiando, inventando, não importando o quê, nem quando. Escrever!!!

Sou destro por natureza, quando a mão cansava ou doía, pensava: “Pena que não escrevo com a esquerda também”. Não era por falta de tentativa e treino, muito treino. Mas, além da caligrafia horrível, a primeira frase era o suficiente para cansar a mão. Coitada!

Conhecia dois canhotos, o João Roberto e a Daniela que estudaram comigo no Ensino Fundamental. Tinham letras deitadas e escreviam muito rápido, eu ficava admirado com a agilidade da mão esquerda deles. Mas quando eu lhes propunha escrever com a direita – ah! – era o mesmo dilema que o meu. Essa coisa de destro e canhoto me deixava encafifado: “por quê destro?” ou “por quê canhoto?”, “quem determina isso?”, “quem escolhe?”...

Conformei-me com minha condição de destro (afinal, a letra é legível e mais ágil), e coleciono um senhor calo no dedo médio do qual muito me orgulho.

Até que um dia, buscando o significado de uma palavra, passeando pelo dicionário, me deparo com a palavra ambidestro: (Adj. e s.m.) Que, ou quem se utiliza das duas mãos com a mesma habilidade. Eu, automaticamente, associei esta habilidade a apenas uma, desenvolvida pela mão: Escrever!

Afirmei em voz alta: eu quero ser isto!

Acabava de descobrir que não existiam apenas dois tipos de pessoas: as que escreviam com a mão direita, portanto, as chamadas destras, e as que escreviam com a mão esquerda, as canhotas, mas havia um sinônimo que designava uma pessoa completa, que escrevia com as duas mãos com a mesma habilidade: “ambidestra.”

Puxei na memória o que me ensinaram para ganhar coordenação motora na mão direita, exercícios com montanhas, voltas, retas, letras, todas tracejadas para contorná-las. Papel e caneta na mão, com a destra preparei exercícios deste tipo para a canhota e contornava tudo: abecedário, maiúsculo, minúsculo, letra bastão, letra cursiva, palavras, meu nome e treinava com a esquerda.

A mão continuava a cansar fácil, escrevia devagar, e a letra era muito feia, mas não queria desistir, afinal - pensava – é como se a mão esquerda estivesse entrado na escola naquele momento e, obviamente, não teria a mesma desenvoltura da mão calejada (velha de escola).

Não me considero ambidestro (não foi por falta de tentativa), sou um destro conformado. Muito feliz, na verdade, pois o medo de não poder escrever mais, caso algo trágico acontecesse com minha destra querida, existiu por pouco espaço de tempo.

Mãos à parte, o ato de escrever sempre esteve presente, e apesar de não escrever só na escola, era por causa dela que eu escrevia, e deve ter sido a escola que me fez gostar de escrever (ou seja lá que força me impulsionava, me obrigava a escrever), pelo conjunto da complexidade escolar. E é com muito gosto e prazer que escrevo este trabalho (manuscrito primeiramente, pela mão direita) para explicitar memórias escolares, que ultrapassam paredes de sala de aula e muros da escola. Ao mesmo tempo se torna uma tarefa complexa e difícil: por onde iniciar, o que contar, por que contar isto ou aquilo? Vou confiar em minha memória (mesmo sendo ela seletiva) e conclamar ao bom senso para dar começo, meio e fim à narração da trajetória escolar que me fez o ser complexo que sou hoje, fisiologicamente envelhecendo, historicamente enriquecendo. Com a destra ou com a canhota, não importa qual, para mim, escrever continua sendo um imperativo...”

(Da Pré-Escola ao Curso Superior: Entre o Século XX e XXI, texto apresentado à disciplina Didática II, ministrada pela Profª Dª Maria do Rosário Longo Mortatti, novembro de 2002).
Depois desta data, ao folhar um jornal eis que encontro tal reportagem: “Canhoto enfrenta o ‘ser gauche na vida’”, in: Folha de São Paulo, Sinapse, 27 de agosto de 2002” [link da reportagem logo mais abaixo].
Eu já tinha o jornal, mas não tinha percebido a existência desta reportagem. Chamou-me a atenção para coisas mínimas que nunca havia parado para pensar, como usar a tesoura e o abridor de latas (foto), é uma tarefa difícil pra o canhoto, pois tais instrumento foram feitos apenas para os destros.
Há uma coluna à parte nesta mesma reportagem escrita por Nicolau Sevcenko, professor de História da Cultura da USP, que conta a respeito sobre as dificuldades e conseqüências que enfrentou em toda sua vida por ser canhoto. Por exemplo: “Minha família vem de uma comunidade na Rússia, onde ser canhoto era proibido pela lei e pecado para a Igreja. Por pressão da comunidade, minha mãe amarrava minha mão esquerda nas costas para me forçar a usar a direita” [coluna completa em link abaixo]. No final do ano de 2004, na biblioteca de uma escola, cumprindo meu estágio curricular, descubro em um livro um conto escrito por ninguém mais, ninguém menos que Nicolau Sevcenko. Adivinhem a respeito do que? Pois é! Emprestei o livro, tirei cópia e fiz questão de digita-lo todo para disponibilizar aqui para todos os meus amigos canhotos e obviamente para os destros também (curiosos como eu):
A Lenda do fim dos gigantes e o Surgimento dos Homens
Minha mãe contava esta história quando eu era pequeno. Ela contava sempre que eu ia dormir. Era história do fim dos bogatires, os gigantes da Mãe-Terra, que habitavam o mundo antes dos homens existirem, e de como os homens apareceram depois.

Os bogatires eram muitos e muito poderosos. Cada bogatir tinha um nome e poderes diferentes dos outros. O bogatir chamado Sviagator era a criatura mais forte que já existira e dizia que, se tivesse um ponto por onde pegar, ele ergueria o mundo. O bogatir Volk podia se transformar num búfalo branco ou numa formiga, numa águia de duas cabeças ou num lobo cinzento. Mikula era um bogatir que tinha um arado encantado, com o qual produzia alimento para todos os outros bogatires. Mas o mais maravilhoso era o bogatir cavalo voador, com asas douradas e um chifre de marfim na testa. Ilia-Muromiets tinha um arco e lançava raios fulminantes sobre a Terra.

Os bogatires inventaram tudo o que se conhece: a agricultura, os tecidos, os objetos de metal e tudo o mais que se pode imaginar. Também defendiam a Terra contra os monstros e os espíritos maléficos. Eles eram tão fortes e estavam tão certos da sua missão que, um dia, depois de vencer uma serpente que cuspia fogo, um deles gritou, cheio de glória: ‘Nós somos invencíveis! Ainda que nos atacasse um exército vindo do além, nós o destruiríamos!’.

Nesse mesmo instante, apareceu um homem todo equipado com armas de guerra e avançou sobre aquele bogatir. Com um único golpe ele cortou o homem ao meio, da cabeça até o umbigo. Mas então o homem se reproduziu, transformando-se em dois. O bogatir tornou a golpear os dois homens, mas eles se multiplicaram, e já eram quatro. Mais quatro golpes e os homens viram oito guerreiros, e assim por diante. Logo, logo, os homens eram tantos que aquele bogatir começou a chamar outros bogatires para ajudarem na luta. Eles vieram um por um e, como os homens não paravam de se multiplicar, todos os bogatires do mundo se juntaram na batalha. Após dias de luta, os bogatires viram que era impossível vencer aquela guerra. Então correram para as montanhas e se refugiaram no fundo das cavernas, caindo nos abismos escuros onde se transformaram em pedras.

A partir daí, os homens se tornaram os senhores da Terra e decidiram celebrar sua vitória num largo banquete. Foi então, quando se sentaram à mesa, que eles reparam que metade dos homens comia com a mão direita e a outra metade com a mão esquerda. Isso acontecia porque, quando cada homem era dividido ao meio pela espada de um bogatir, dos dois novos homens que surgiam dele, um era destro e o outro era canhoto.

Como destros e canhotos se acotovelavam no banquete, sentados um ao lado do outro, eles resolveram se dividir em dois grupos, ficando numa mesa só quem usasse a mão direita e, na outra, quem usasse a esquerda. Não demorou para que um grupo começasse a desconfiar que o outro estava reservando as melhores iguarias do banquete para si, e logo os dois lados começaram a discutir e se acusar. Resultado: os canhotos preferiram se retirar e montar um acampamento separado.

Com medo de que os canhotos pudessem se organizar para atacá-los, os destros resolveram tomar a iniciativa e destruí-los primeiro. Então se reuniram e decidiram que no dia seguinte, ao raiar do sol, eles invadiriam o acampamento dos canhotos e os destruiriam. Como podia ser que alguns escapulissem e se refugiassem nas montanhas, voltando para ataca-los depois, completaram seu plano inventando uma armadilha: cobriram todas as bocas das cavernas com grandes espelhos. A idéia era que, quando um canhoto, correndo em busca de refúgio, visse de repente o reflexo da sua própria imagem invertida, ele pensaria que se tratava de um destro e atacaria o espelho, o qual, partindo-se iria precipita-lo nos abismos das cavernas.

Tal como planejado, no dia seguinte os destros atacaram a acampamento e, tomando os canhotos de surpresa, eliminaram tantos quanto puderam. Vários conseguiram fugir e correram para as montanhas, caindo, entretanto, na cilada dos espelhos. Assim, lá no fundo escuro das montanhas, ficaram encerrados os sobreviventes do massacre dos canhotos. Sua existência era toda de medo. Medo de que os bogatires acordassem do seu sono de pedra para se vingarem deles. Medo de que os destros viessem ataca-los na escuridão e extermina-los de uma vez. Fosse porque tivessem muito medo, fosse porque vivessem no escuro, ou ainda porque se sentissem desamparados, os canhotos desenvolveram a imaginação e passaram a viver num mundo de fantasmas e fantasias.

Só muitas e muitas gerações depois é que os descendentes dos canhotos resolveram voltar ao mundo da superfície. A essa altura, os destros tinham se multiplicado tanto e estavam tão divididos entre si – os que governavam e os que trabalhavam, os ricos e os pobres, os agricultores e os artífices -, que já não se preocuparam mais com a presença dos poucos canhotos. Eles os deixaram viver e se integrar no mundo dos destros. Só estranhavam como os canhotos tinham uma vida interior cheia de perturbação, delírios e melancolia. Por isso, passaram a chamá-los de sinistros.

Minha mãe sempre me contava essa historia antes de eu dormir. Mas nem era preciso: eu já sabia de tudo isso quando nasci. Antes mesmo de nascer. Eu sou canhoto.”
Nicolau Sevcenko é escritor e professor de História na Universidade de São Paulo. (In: Vice-versa ao contrário – Histórias Clássicas recontadas por Otávio Frias Filho ...[et al]; desenhado por Spacca; organizado por Heloísa Prieto. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 1993, p. 11-14). Para maiores detalhes sobre o livro, ver os sites ou procurar no Google: http://www.terra.com.br/criancas/livros4.htm http://www.fae.ufmg.br:8081/Ceale/acao_educacional/res21
Eu amo os canhotos! Considero-os muito inteligentes; alguns, sem falsa modéstia declaram isso abertamente – rsrsrs!!! Coincidentemente ou não, a comunidade surda, com a qual convivo, possui uma incidência muito grande de canhotos.

Externei tal constatação na faculdade para a professora Débora Delibetaro, que me respondeu: “Daria uma excelente pesquisa, André!”. A Pedagogia abriu meus horizontes; para aqueles que me interrogam por que não quero ser professor, de uma classe durante um ano letivo todo pode estar aqui: vou direcionar meus esforços e estudos na área da interpretação em Língua de Sinais e demais assuntos relacionados à Surdez e, também me incursar nas áreas da neurociência. O cérebro é um órgão que me fascina!!!

Segue uma lista prévia dos meus amigos canhotos (em ordem alfabética), seguida de beijos e abraços fraternais. Irei completando a lista ao lembrar os nomes ou conforme ir conhecendo mais canhotos:
Alessandra Tiemi Horimoto - UNESP
Ana Laura Jeremias Urel – UNESP
Ana Luiza Teixeira – UNESP
Beatriz Gonçalves Mosa - UNESP
Caroline Machado Barini - UNESP
Dalva Ruedo – Aluna Curso LIBRAS
Dalva Yoshida - PIB Marília
Daniela – amiga do Ensino Fundamental, SESI
Davi Yoshida - PIB Marília (filho da Dalva)
Débora Correia – UNESP, PIB Marília Deise dos Santos – surda, PIB Marília
Elaine – Professora na EMEI Pingo de Gente
Estér Prado – Aluna Curso LIBRAS Fabiana Mota Varela – Aluna Curso LIBRAS
João Roberto Miranda – amigo do Ensino Fundamental, SESI
Juliana Cristina Lopes - UNESP
Luciane Simões – UNESP
Marcília Correia de Souza Oliveira – PIB Marília
Maria de Fátima Moura Trindade (Fatinha) - PIB Marília
Maria Helena Delmasso – Professora na EMEI Pingo de Gente
Núbia Macedo – surda, PIB Marília
Oscarlina de Brito Hoffman - UNESP
Priscila Watson Ribeiro - Aluna Curso LIBRAS
Rose Mary Aparecida de Souza - Aluna Curso LIBRAS
Sílvia Helena Prado Savério Jordão - Aluna Curso LIBRAS
Sônia Maria Ribeiro Tonin - Diretora na EMEI Pingo de Gente
Susana Enokida - Aluna Curso de LIBRAS
Valderes Silva - intérprete de Língua de Sinais (Bauru-SP)
Wanessa Morone – Aluna Curso LIBRAS

Encontrei alguns ambidestros nesta minha constante observação; descobri que muitos eram canhotos de nascença, mas foram obrigados a escreverem com a destra, assim como Nicolau Sevcenko relatou, muitas vezes apresentando tendinite na mão direita com facilidade. Também pudera!

segunda-feira, outubro 10, 2005

Hebreus 9:27 - Confiram lá o que está escrito!!!

“Eu não sou aquilo que os outros dizem quem eu sou; eu não sou aquilo que eu penso quem eu sou; eu sou aquilo que Deus diz quem eu sou”

Ainda assim, as pessoas teimam em expressar e fazer juízos de minha pessoa; ainda assim, eu mesmo teimo em muitas vezes acreditar no que dizem, ou ainda insisto em auto enganar-me, acreditando naquilo que penso ser eu. A mim me falta fé – ah, homem de pequena fé – para acreditar n’Aquele que tem a palavra final a respeito de meu ser: O Grande EU SOU, meu Criador!

A nível humano, a melhor biografia escrita para qualquer pessoa é o poema de Cecília Meireles, transcrito logo abaixo. Perfeito! Completo!

Coleciono alguns adjetivos – procedentes ou não, tais adjetivos foram expressos por algum motivo, situação ou circunstância, dos encontros e desencontros desta minha existência de duas décadas e quatro anos. “Sério”, “Inteligente”, “Chato”... entre outros e não tão legais.

Adotei o pseudônimo de “Menino do Quarto”, que me foi dado por um tio materno, pois toda vez que me via, estava eu dentro do meu quarto, lendo, escrevendo, desenhando, fazendo nada... Muita coisa mudou; mudança relacionada ao versículo expresso em II Coríntios 5:17, também já comentado abaixo: JESUS CRISTO mudou meu viver!!!

Porque escrevo tudo isso? Não há um motivo claro; talvez por necessidade, alívio. Mas, provavelmente para registrar para amigos mais chegados que irmãos, que sou tão imperfeito quanto qualquer outro ser humano. Que mesmo o mundo sendo tão difícil, podemos amenizar a luta diária se concentrarmos nossa atenção e esforços no que realmente importa! Há algum tempo aprendi um conselho: numa roda de conversas, não fale de pessoas, procure falar de fatos, assim correrá menos risco de fazer fofocas, juízos e de ser alvo dos mesmos.

Quererei ser lembrado por minhas atitudes sim. Mas aquelas que expressam as atitudes que Cristo teria! O resumo da importância da minha existência, tentei exprimir neste seguinte poema:

Perdoe-me se eu morrer

Perdoe-me se eu morrer ao amanhecer,
Assim tão sereno ir ao encontro de Jesus.
Partir sem adeus, sem nada dizer;
Naquele dia minha vida será paz e luz.

Perdoe-me se eu morrer ao entardecer,
Ir ao encontro tão sublime como escreveu Cecília
[1],
Mas não disse ela que para a face de Deus ver,
Cristo é o único caminho para tremenda alegria.

Perdoe-me se eu morrer ao anoitecer
E levar comigo toda a palavra e sentimento
Que a você não pude, por isto ou aquilo, fazê-lo saber.
Pois saiba o essencial: aceite a Cristo, o Autor de tão grande salvamento.

Perdoe-me se eu, simplesmente, morrer;
Esta hora não sabida que não se pode escolher.
Afinal, com todos nós esta partida irá acontecer.
De exemplo siga apenas um: Jesus, Aquele que pode te acolher!


Marília, 23 de dezembro de 2003.

As duas frases destacadas no poema significam: de tudo que fiz, escrevi, falei, vivi... não precisam lembrar de tudo, fazer referências a isto ou aquilo, apenas que Cristo morreu para salvar todos aqueles que a Ele se entregar, e é isso de maior e mais importante que tenho a dizer!!! O pedido de perdão é porque, às vezes, quase sempre, as pessoas depositam expectativas e esperanças (reais ou ideais, mas ainda assim o fazem) e quando não correspondemos às mesmas, as pessoas de frustram, se magoam, se ressentem... Perdoem, se não fui claro o suficiente a respeito do significado e propósito da vida, afinal, sou apenas criatura, tentando entender e viver tais propósitos.

[1] Referência ao poema de Cecília Meireles: “Falai de Deus com a clareza”, especialmente às últimas quatro estrofes: “Falai de Deus de tal modo/ que por ele o mundo todo/ tenha amor/ à vida e à morte, e, de vê-Lo,/ O escolha como modelo/ superior./ com voz, pensamentos e atos/ representai tão exatos/ os reinos seus/ que todos vão livremente/ para esse encontro excelente./ Falai de Deus”. In.: Melhores Poemas, seleção de Maria Fernanda. 8 ed. São Paulo: Global, 1996. p. 175-6.

domingo, setembro 25, 2005

Cecília em minha vida!

Segue trechos registrados em diversos papéis (arquivos), rascunhados em caneta, lápis e/ou digitados, atividade que muito me agrada... Passam por nós pessoas, livras, fatos, circuntâncias que nos convidam a olhar para dentro de nós e pensar e repensar em mudanças, consertos, reparos... Vou registrar a seguir esses trechos que contam um pouco da minha trajetória de conhecimento da obra de Cecília Meireles e consequentemente, o amor e fixação por tudo o que diz respeito a esse nome! No final, alguns sites sobre a biografia, bibliofrafia de Cecília (alguns apenas, se alguém se interessar por ler mais!) o poema Vôo, que versa sobre as palavras! Ah, as palavras...
Trecho retirado do Trabalho Monográfico sobre a Trajetória Escolar, de André Luís Onório Coneglian, cujo título “DA PRÉ-ESCOLA AO CURSO SUPERIOR ENTRE O SÉCULO XX E XXI”, foi apresentado à disciplina Didática II, ministrada pela Profª Dª Maria do Rosário Longo Mortatti, da Universidade Estadual Paulista, Campus de Marília, no dia 25/11/2002. Como já escrevi no tópico anterior, houve a promoção no trabalho. O patrão ficou sabendo da minha recente formação técnica e me promoveu para o escritório, logo no mês de agosto [2000]. Isto seria um bom motivo para continuar a freqüentar o Curso Técnico de Administração. Porém, não gosto de burocracia, papéis, arquivos, impostos, não queria aquilo como profissão.
Nessa época, de ir para o “Antônio Devisate” apenas para responder chamada, comprei o livro Crônicas de Viagem 1, de Cecília Meireles. Como eu pegava dois ônibus para ir até a escola e dois para voltar e não tinha mais a companhia da Tatiane (foi categórica em não querer voltar para fazer “Administração”), eu lia o livro. Era avistar um banco livre que pegava o livro e lia até chegar aos pontos de destino – da escola ou de casa.
Cito este fato, pois realmente foi a coisa mais importante que fiz nesse período, comprar e ler esse livro fascinante. Também me apaixonei perdidamente pela escritora Cecília Meireles. Quando encerrei sua leitura, escrevi no livro: “Ler este livro, ainda que, boa parte embalado pelos balanços e solavancos dos ônibus que me conduziam para a escola, e vice-versa, foi como se estivesse viajando ao lado dela (Cecília), foi muito, muito bom. Foi com tristeza que cheguei à sua última página, hoje. 15 de novembro de 2000.” Ainda no início do livro, escrevi: “Pelas próximas páginas, boa viagem!”, pois era o que havia me proporcionado. Um escape da realidade que me prendia na rotina “castigadora” de fazer o que não queria, nem gostava.
Em setembro, eu faltava muito e, em outubro, não ia mais às aulas do Curso Técnico em Administração, sem dar explicação a ninguém, nem pai, nem mãe, nem professor, nem coordenador ou diretor. Pela primeira vez, na chamada, quando chamassem meu nome, responderiam de volta: “Desistente!”
Não me importava, sentia-me livre, pois não era mais um passatempo, era um “atraso de vida”. Minha parceira de trabalho (muito trabalho) em meu novo posto era Beatriz, que fez um convite pelo mês de setembro: “- Vamos prestar o vestibular da UNESP para Pedagogia?!”
Obviamente minha primeira reação foi dizer um “não”, argumentando que não tinha um porquê fazer aquilo. Ela questionava, e eu argumentava: “Vestibular da UNESP, difícil, concorrido, pagar R$ 70,00 para fazer uma prova dali a dois meses para não passar, num curso que nem sabia ao certo o que era”. Sabia, sim, que ia trabalhar em escola, algo como um professor, mas tinha boas razões para não fazer aquela inscrição.
E realmente não faria aquela inscrição, não fosse a influência de algo que eu tinha iniciado no mês de agosto daquele mesmo ano de 2000. Li no jornal: “Curso de LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais), falar com Priscila”, pela curiosidade de como falar com os surdos, liguei e peguei todas as informações. O curso era ministrado por um instrutor surdo com o acompanhamento de uma intérprete (Priscila), aos sábados, à tarde, durante uma hora e meia; o curso básico tinha a duração de quatro meses. O preço era mais que acessível e o curso era oferecido pelo Ministério de surdos Keiras en Latreia (do grego Mãos em Adoração), da Primeira Igreja Evangélica Batista de Marília.
Eu não faltava um sábado. No início era angustiante querer conversar com o professor e sempre ter que solicitar a intérprete. O professor tentava ler meus lábios e falava em tom audível para poder entendê-lo.
Na aula teórica, a Priscila, fonoaudióloga, iniciou com o histórico do sujeito surdo e como era visto nas diversas culturas através dos séculos, sua educação, a sistematização da Língua de Sinais, o oralismo, bimodalismo, bilingüísmo, a gramática básica da Língua de Sinais, a dificuldade dos surdos com o Português, de serem estrangeiros no próprio país e marginalizados em quase todos os aspectos, primordialmente os educacionais, e essa escassez de habilidade com os aspectos da surdez, prejudicam toda capacidade cognitiva do sujeito surdo, se não for respeitada sua cultura e sua língua natural.
A curiosidade e preocupação iniciais – e se tiver um amigo surdo, o que farei? – cresceram e tomaram proporções gigantescas. Era nas tardes de sábado (e na viagem semanal com Cecília), que recebia estímulos. E aquele novo conhecimento, o surdo e sua língua, me despertou. Administração, “Devisate”, nada disso era estimulante.
Uma professora, doutoranda na UNESP na área da Educação, freqüentava a mesma turma aos sábados desse mesmo curso de LIBRAS. O convite da Beatriz, depois da veemência em negar, me deixou inquieto. O adeus ao “Devisate” era definitivo, o curso de LIBRAS era uma pérola preciosa, fonte do novo que procurava. Informei-me com essa professora doutoranda na UNESP, a respeito do curso de Pedagogia e o que oferecia na formação para a Educação Especial voltada para os surdos. “Bingo!!!”. Recebo a informação que a UNESP Marília é a universidade com todas habilitações na área da Educação Especial, inclusive D.A. (Deficiente Auditivo).
“- Beatriz, vamos prestar!”
Fiz a inscrição no último dia, no mês de outubro. A prova seria em dezembro. Como não estudava mais nada específico, nem técnico e tinha desembolsado R$ 70,00, em casa mesmo, durante a noite, tentei estudar. Português, Literatura, História, e até que me esforcei. Mas o ambiente de estudo era o meu quarto, ou na cama, ou no chão. Estava frustrado comigo mesmo, não estudava como devia.
Dezembro, primeiro dia de prova, Conhecimentos Gerais. Era domingo à tarde, chovia e fazia frio. Éramos um grupo grande de conhecidos na mesma condição de vestibulando e na mesma escola: André, Amanda (minha irmã, vestibulanda para o Curso de Pedagogia), Ana Carolina (vizinha, concorria para uma vaga em Jornalismo em Bauru), Cláudia (amiga da minha irmã, para Pedagogia), Beatriz (minha colega de trabalho, também para Pedagogia), e o Éder (vizinho, para Ciências Sociais).
Segunda-feira, Conhecimentos Específicos, terça-feira, Língua Portuguesa. O grupo era solidário, aguardávamos até o último sair, e quando estivéssemos os seis saído da sala, pegávamos o ônibus para voltar para casa. Eu ri muito, nesses três dias de prova, das situações dos outros vestibulandos nervosos, das nossas respostas adversas, dos assuntos que não conhecíamos, das questões que eu havia deixado em branco, principalmente na prova de Geografia – nunca achei essa disciplina tão parecida com Matemática, de tanto gráfico para analisar. Já na prova de Matemática em Conhecimentos Gerais, do primeiro dia de prova, fui bem – de 12 questões acertei 8 – graças ao professor Sílvio e sua agradável aula de Matemática Financeira no “Antônio Devisate”.
Terceiro dia, última prova, muita interpretação de texto e a redação com o tema, relativamente fácil. Questionava sobre o Vestibular, a forma como era oferecido e outras formas de seleção, como o ENEM.
Janeiro de 2001, ano novo, século novo, milênio novo, quem estudava já estava em férias. Eu não estava em férias, pois não estudava mais. Dia 8 de fevereiro sairia a lista dos aprovados na UNESP , uma sexta-feira. Na quinta, quase seis horas da tarde, a Beatriz e eu resolvemos olhar o site da UNESP. Para nossa surpresa a lista dos aprovados já estava ali. E na lista dos aprovados, meu nome!!!
Do grupo solidário desse hilariante vestibular, o meu nome estava na lista de aprovados. Nenhum dos outros cinco estava na lista, nem a Beatriz. Eu pulava na sala de contabilidade em frente ao computador e repetia sem parar: “Eu não acredito, eu não acredito, eu não acredito!!!”. Pedi até para a Beatriz me beliscar. Guardo em minhas coisas pessoais a carta da Fundação VUNESP, com a Informação de Desempenho do Vestibular UNESP 2001, com a inacreditável décima primeira colocação. Efetuada a matrícula, em março de 2001, era “unespiano” do curso noturno no 1º B de Pedagogia.
Diante desses fatos todos apresentados e outros “embutidos”, hoje me pergunto se escolhi o curso de Pedagogia ou se fui escolhido por ele. Trechos do Portifólio, Pasta de Estágio do 3º ano do Curso de Pedagogia (2003), no capítulo intitulado: “Livros – um caso antigo”: Adquiri Marília de Dirceu, de Tomaz Antonio Gonzaga, pois como aprendi na 2ª série com a bibliotecária Wilza, do SESI, foi esse o livro que inspirou o “fundador” da cidade, que precisava de um nome que iniciasse com a letra M. Não sou leitor assíduo de poemas. Aprendi a apreciá-los depois de ler as prosas de uma escritora que é uma excelente poetisa. Hoje seus poemas me encantam.
Estou me referindo a Cecília Meireles, pela qual tenho um amor platônico. A história desse amor, para mim é fascinante e muito recente. O Jornal Diário de Marília publicou uma pequena reportagem sobre o lançamento de Crônicas de Viagem, 1, obra em prosa de Cecília Meireles. Até então, o nome Cecília Meireles não me dizia nada. Recortei a reportagem porque era sobre viagens, na esperança de um dia poder ler esse livro. Como andava freqüentando uma livraria da cidade, anotei os dados e perguntei sobre o livro.
A proprietária disse que não tinha na loja, mas faria o pedido. Alguns dias depois ela ligou em casa: “Seu livro chegou!”. Não era tão barato seu valor, mas resolvi ficar com ele. não me arrependo nenhum minuto. Não encontro palavras para expressar a sensação que me proporcionou a leitura daquelas páginas. Tentei escrever algo, registrado no próprio livro, mas ainda são sensações parciais e incompletas: “Este objeto é de propriedade exclusiva de André Luís Onório Coneglian; mas este livro é de todos que possuem espírito aventureiro e são eternos curiosos por novos mundos, novos povos, novas formas de ver e viver a vida, ainda é de todos que sabem como essa belíssima autora e poetisa sabia, a diferença entre o turista e o viajante... Pelas próximas páginas, boa viagem!”.
O livro, suas crônicas, o estilo tão particular, delicioso, saboroso, encantador, profundo, intimista, humorado, irônico[1] de Cecília, me cativou. Algo parecido com Clarice Lispector, porém, esta última com um estilo mais denso.
Crônicas de Viagem, 1, foi a celebração de uma atividade que já era prazerosa. A cada página ouvia-se um tim-tim, brindes e mais brindes, coroando, reafirmando o meu caso de amor antigo com o livro. Essa leitura foi um porto seguro no período de crise escolar, de vida, como o foi igualmente o curso de LIBRAS. Aprender a língua de sinais, assimilando o universo lingüístico do surdo, poder me comunicar com eles, foi muito instigante também. Não era escola, não era cargo novo no emprego. O que me alegrava era ler Cecília Meireles, viajar por lugares incríveis e me deliciar com as impressões e observações da cronista.
Acostumado a ler a coluna “Opinião” do Jornal Diário de Marília, passei a recorta-la quando o artigo era de algum docente da UNESP. Enorme foi a surpresa descobrir por meio de um desses artigos, já no primeiro semestre do segundo ano de curso (2002), que Cecília Meireles foi professora do ensino primário, médio e superior.
Assinado pela docente Sonia Alem Marrach, professora de História da Educação Moderna e Contemporânea, seu artigo anunciava o lançamento de Crônicas de Educação, em três volumes. Sonia Marrach encera o artigo com as seguintes palavras: “Obra em prosa de leitura deliciosa, Crônicas de Educação, nasce clássica, tem grande atualidade e constitui rica fonte da moderna pesquisa historiográfica”. Pensei: “Que delícias me reserva a leitura dessas crônicas de educação?!” – enchendo a boca d’água.
Provei dessa delícia recentemente. Meu orçamento nesses últimos dois anos não permite maiores aquisições de livros. Mas estava eu na fila da biblioteca da UNESP e um livro me chamou a atenção pela disposição e cores da capa. Como estava com a contra-capa para cima, peguei e quase pulei de alegria ali mesmo.
“Está com você?”- perguntei para a moça que estava ao meu lado.
“Não, estava aí em cima.” – ela respondeu.
“Vou levar!”
Pena que a leitura desse primeiro volume já acabou. É como se a sobremesa de que mais gosto tivesse acabado. Todo professor, que já leciona ou em formação, deve ser obrigado a ler esse livro. Só lendo para saber a dimensão que ele tem. Não tenho palavras. É incrível como Cecília tem palavras e construções de frases inacreditáveis e diz tudo.
É tão sério ser professor, envolver-se com a infância, que faz-se necessário pensar muitas vezes antes de se decidir pela profissão de educador. Não tem como usar termos: “Vou tentar, se não der certo, ou não tiver vocação, procuro outra área.” – não!!! Não estamos falando de papéis, de tapetes, de roupas, de casas, não! Estamos falando de crianças.
O que um livro pode fazer, não é mesmo?!
[1] A escritora Ana Maria Machado cita Harold Bloom, dizendo a importância da ironia presente na literatura: “a perda da ironia é a morte da leitura e do que nossas naturezas têm de civilizado” (MACHADO, 2002:116). Isto sempre me chamou a atenção, pois até no texto que escrevi para a professora Nancy, comento entre outros aspectos “os cinismos” e “os jogos que se fazem com a nossa língua”.
Vôo
A Darcy Damasceno Alheias e nossas as palavras voam. Bando de borboletas multicores, as palavras voam. Bando azul de andorinhas, Bando de gaivotas brancas, As palavras voam. Voam as palavras Como águias imensas. Como escuros morcegos Como negros abutres, As palavras voam. Oh! Alto e baixo Em círculos e retas Acima de nós, em redor de nós As palavras voam. E às vezes pousam. (Cecília Meireles, Abril 1964, In.: Os melhores poemas de Cecília Meireles, Seleção de Maria Fernanda, 8ª ed, São Paulo: Global, 1996, p. 178)

sexta-feira, setembro 23, 2005

Um diálogo [literário] precioso!


O diálogo entre a raposa e o Pequeno Príncipe é muito sensível e profundo. Fala sobre “cativar”, amizade, importar-se com o outro... coisas imprescindíveis para mim, por isso que o transcrevo logo mais abaixo.

Se me cativares, lembra-se, serás eternamente responsável por esta amizade. Sei que é recíproco! Ao final do diálogo transcrevi a letra de uma música que a Adriana Yanaguita nos ensinou na viagem de volta que o grupo de jovens fez no ano de 2002 para Curitiba-PR. Eu e a Silvinha (médica) aprendemos a letra, a melodia e cantamos os três, entre outras canções.


“Há amigo mais chegado do que um irmão” Provérbios 18:24b, Bíblia Sagrada.

...E foi então que apareceu a raposa:

- Bom dia, disse a raposa.

- Bom dia, respondeu polidamente o principezinho, que se voltou, mas não viu nada.

- Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira...

- Quem és tu? perguntou o principezinho. tu és bem bonita...

- Sou uma raposa, disse a raposa.

- Vem brincar comigo, propôs o principezinho. Estou tão triste...

- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa. Não me cativaram ainda.

- Ah! desculpa, disse o principezinho.

- Que quer dizer "cativar"?

- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa "criar laços..."

- Criar laços?

- Exatamente, disse a raposa. Tu não és ainda para mim senão um garotointeiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...

...e disse a raposa:

- Minha vida é monótona. Eu caço as galinhas e os homens me caçam. Todas as galinhas se parecem e todos os homens se parecem também. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol.

Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora da toca, como se fosse música. E depois, olha! Vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma.

E isso é triste! Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo...A raposa calou-se e considerou por muito tempo o príncipe:

- Por favor...cativa-me! disse ela.

- Bem quisera, disse o principezinho, mas eu não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer.

- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!

- Que é preciso fazer? perguntou o principezinho.

- É preciso ser paciente, respondeu a raposa. Tu te sentarás primeiro longe de mim, assim, na relva. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, cada dia, te sentarás mais perto...

Assim o principezinho cativou a raposa. Mas quando chegou a hora da partida, a raposa disse:

- Ah! Eu vou chorar.

- A culpa é sua, disse o principezinho, eu não te queria fazer mal; mas tu quiseste que eu te cativasse...

- Quis, disse a raposa.

- Mas tu vais chorar! disse o principezinho.

- Vou, disse a raposa.

- Então, não sais lucrando nada!

- Eu lucro, disse a raposa, por causa da cor do trigo.

- Adeus, disse ele...

- Adeus, disse a raposa. Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.

- Os homens esqueceram essa verdade, disse a raposa. Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.

Texto extraído do livro "O Pequeno Príncipe", de Antoine de Saint-Exupéry

“Cativar”

Observe esta canção
E ela vai lhe dizer
É sorrir, é chorar, é sofrer
Cativar é amar pra valer!

Cativar é como estar preso
E ao mesmo tempo prender Refrão
Cativar é se dar totalmente
E sem esperar... receber.

As vezes no meu cantinho
E ali bem quietinho me ponho a pensar
Em cativar as pessoas, fazer coisas boas e me despertar
Para amar meu irmão e lhe dar atenção
E na hora da dor estender-lhe a mão.

Refrão

sexta-feira, setembro 02, 2005

Vida de formado!

Com certeza é muito estranha essa fase da vida! Há tantas possibilidades, porém, ao mesmo tempo elas parecem não serem tão reais assim!

Tenho receio, medo, um certo pavor de mudanças já foi pior este medo. Hoje consigo apreciar algumas dessas reviravoltas ocorridas em minha vida!

A melhor dessas mudanças radicais está descrita na 2ª carta de Paulo aos coríntios no capítulo 5 versículo 17! Por isso, tento descansar nos braços do Pai...

Vida de adulto!!!!

Eu gosto de recordar daquela época em que bastava viver época em que não era necessário pensar na vida! Correr, sorrir, aprender!!! O aprendizado não foi fácil continua sendo uma tarefa árdua. Ah! A vida! Viver... É preciso ficar com as partes boas! Mesmo que sejam tão poucas.

sábado, agosto 20, 2005

Este sou eu nas palavras de Cecília Meireles

BIOGRAFIA

Escreverás meu nome com todas as letras,
com todas as datas,
— e não serei eu.

Repetirás o que me ouviste,
o que leste de mim, e mostraras meu retrato,
— e nada disso serei eu

Dirás coisas imaginárias,invenções sutis,
engenhosas teorias,
— e continuarei ausente,

Somos uma difícil unidade,
de muitos instantes mínimos,
— isso serei eu,

Mil fragmentos somos, em jogo misterioso,
aproximamo-nos e afastamo-nos, eternamente,
— Como me poderão encontrar?

Novos e antigos todos os dias,transparentes e opacos,
segundo o giro da luz,
nós mesmos nos procuramos.

E por entre as circunstâncias fluímos,
leves e livres corno a cascata pelas pedras.
— Que mortal nos poderia prender?

Cecília Meireles.

Preciso dizer algo mais? Quem não irá se identificar com esta Biografia, ou seja, a nossa biografia não se escreve. Arrisco a dizer que nem mesmo uma autobiografia seria real!!! Por isso, quaisquer palavras, minhas ou de outrens a respeito de mim, serão apenas partículas...

domingo, agosto 14, 2005

Perdoe-me se eu morrer!

Perdoe-me se eu morrer ao amanhecer,
Assim tão sereno ir ao encontro de Jesus.
Partir sem adeus, sem nada dizer;
Naquele dia minha vida será paz e luz.

Perdoe-me se eu morrer ao entardecer,
Ir ao encontro tão sublime como escreveu Cecília[1],
Mas não disse ela que para a face de Deus ver,
Cristo é o único caminho para tremenda alegria.

Perdoe-me se eu morrer ao anoitecer
E levar comigo toda a palavra e sentimento
Que a você não pude, por isto ou aquilo, fazê-lo saber.
Pois saiba o essencial: aceite a Cristo, o Autor de tão grande salvamento.

Perdoe-me se eu, simplesmente, morrer;
Esta hora não sabida que não se pode escolher.
Afinal, com todos nós esta partida irá acontecer.De exemplo siga apenas um: Jesus, Aquele que pode te acolher!
Autor: André Coneglian
Data: 23 dezembro 2003.

[1] Referência ao poema de Cecília Meireles: “Falai de Deus com a clareza”, especialmente às últimas quatro estrofes: “Falai de Deus de tal modo/ que por ele o mundo todo/ tenha amor/ à vida e à morte, e, de vê-Lo,/ O escolha como modelo/ superior./ com voz, pensamentos e atos/ representai tão exatos/ os reinos seus/ que todos vão livremente/ para esse encontro excelente./ Falai de Deus”. In.: Melhores Poemas, seleção de Maria Fernanda. 8 ed. São Paulo: Global, 1996. p. 175-6.

O último final de semana de julho de 2005

Sem dúvida nenhuma: um dos melhores finais de semana. Oportunidade de estar junto com amigos preciosos; amigos que estão longe geograficamente, daí o privilégio de passar sexta, sábado e domingo (29 a 31 de julho de 2005) próximo deles. Sampa conhegue cativar, assim, neste bate-e-volta, deixando um gostinho de 'quero mais". Porém, não sei como seria residir por aí... O ser humano possui grande capacidade de adaptação! Posso inferir que provavelmente, acabria me acostumando! Obrigado: Adriana e Glauco; Mariana, Priscila e Marcus!

quinta-feira, agosto 04, 2005

Pós formatura!!!

Muita coisa já aconteceu depois da noite de 23 de julho de 2005, um sábado agradável e emocionante. Minha maior alegria foi poder contar com a presença de pessoas muito importantes na minha vida, pai, mãe, irmã, avó, tia, prima (quase que obrigatória a presença deles), mas também e principalmente, pelo fato de serem amigos de Provérbios 17:17. Meu muito obrigado pela amizade e companheirismo: Priscila Fernandes e Mariana Dias. Pelo componentes do Ministério KEL que estiveram presentes: Marcília, Andressa, Silas, Ana Maria, Mílton, Carlos, Lidiane. Também a minha amiga de UNESP, já formada, já professora: Flaviana.
Não posso reclamar um minuto, um segundo que seja do meu círculo de amizades. Amizades fraternais. Beijão e abração para todos!!!

sábado, julho 23, 2005

Discurso do Orador


André Luís Onório Coneglian - Formatura: Pedagogia - Educação Especial
Turma: Lígia Assumpção Amaral

Representar uma turma em plena formatura não é tarefa pouca. Exprimir em algumas palavras os sentimentos de todos os formandos pela celebração desta conquista tão importante, que compreende não menos que quatro anos e seis meses.
É necessário deslocar-me da condição de formando, por este breve instante, para conseguir chegar ao final da leitura deste texto sem interrupções: embargar a voz, pigarrear para disfarçar as lágrimas... Farei um tremendo esforço para assim proceder até o final.
Duas palavras-chaves podem abarcar a essência deste momento ímpar em nossas vidas de formandos: GRATIDÃO e ESPECIAL. Vou iniciar pela primeira palavra.
Ao Rei eterno, imortal e invisível, o único Deus; a Ele sejam dadas a honra e a glória, para todo o sempre. Obrigado! Ah, como se torna uma palavra pequena e efêmera diante do Criador de tudo e de todos, pois ao Senhor pertence as nossas vidas, cada manhã que levantamos, o ar que respiramos, a saúde que nos susteve... reconhecemos que não estaríamos aqui se não fosse pela vontade do Deus Soberano. “Com efeito, grandes coisas fez o Senhor por nós, e por isso, estamos alegres” (Salmo 126, versículo 3).
Nosso peito se inflama de gratidão àqueles que foram responsáveis pela nossa básica e primeira educação: amados pais e mães. Principalmente àqueles que, com corações apertados, de preocupação e saudades, emprestaram seus filhos queridos a esta cidade. É por causa desta dedicação e cuidado, seja ele financeiro, emocional, pelas palavras de incentivo, de perseverança, que souberam esperar pacientemente por cada feriado prolongado, principalmente as férias, para que ambos, pais e filhos, pudessem abrandar a ansiedade e a necessidade de retornar ao lar doce lar... Esta noite representa o alívio e a celebração de todas as lágrimas derramadas, de toda a dor no peito por não estar perto das pessoas mais íntimas, a canseira daqueles que viajaram uma, duas horas por dia, todo dia, ida e volta de segunda a sexta-feira, por residirem nas cidades vizinhas, ou quase vizinhas... A formatura é nossa: formandos e pais dos formandos. Por tudo isso, que a uma só voz declaramos: Muito obrigado pai e mãe; muito obrigado família!
Obrigado e muito obrigado mesmo aos nossos mestres, afinal, num curso de formação de professores, o exemplo de satisfação e empenho no que fazem, acrescentou e muito em nossa formação. O tripé da Universidade: ENSINO, PESQUISA e EXTENSÃO, esteve muito bem representado e pudemos, durante este processo de quatro anos e meio, absorver um pouco de cada exemplo, somar à especificidade e personalidade de cada um, resultando em um grupo tão heterogêneo como este, conscientes de que a formação contínua a nós nos pertence.
Gratidão também resume nossos sentimentos em relação aos amigos, companheiros de cada dia de aula, estágios, seminários, greves, avaliações, projetos de extensão, relatórios de bolsas, TCC... Quantas coisas enfrentamos e descobrimos juntos, não é mesmo?! Com certeza nossos agradecimentos são recíprocos pela oportunidade e privilégio que cada um de nós tivemos por conviver com pessoas tão diferentes, que muito acrescentaram em nossas vidas. Estamos encerrando uma graduação e por isso receberemos um diploma, mas o que este período proporciona e o papel não contempla é exatamente isto: a riqueza destas vivências (os apelidos, as histórias de aulas, de repúblicas, até mesmo de discussões e ânimos alterados, cumplicidade, ombros, lenços, conselhos, tudo baseado na lei da reciprocidade, enfim), por isso, são amigos mais chegados que irmãos; e mesmo que sejamos potenciais competidores no mercado de trabalho, aprendemos a respeitar e valorizar as competências e talentos de cada um, conscientes que não sabemos nem podemos saber tudo; a cooperação e a ajuda mútua será sempre bem-vinda.
Agradecemos a todo o corpo integrante da Universidade Estadual Paulista, do Campus de Marília, principalmente aos funcionários, todos que fazem parte deste processo, de todas as sessões da faculdade, principalmente da Seção de Graduação: Regis e Edson, sentiremos falta de pegar em seus pés! De usar os serviços de informações do Ditinho... (professor não vem, Dito; que sala temos aula, Dito; e a greve Dito, sai ou não sai...) Já sentimos falta das filas no xerox do Hércules, de ir apressadamente à biblioteca no intervalo das aulas e enfrentar mais filas... Até da cantina que nossa turma usufruiu nos primeiros anos, a qual já não existe mais.
Enfim, essa é a nossa história na universidade resumida em poucas palavras.
Agradecemos a todas as pessoas que fazem parte deste processo: velhos amigos, que seguiram outros caminhos, mas que nesta noite também se alegram conosco... Peço permissão para fazer um agradecimento particular: aos meus amigos e irmãos, intérpretes e surdos. Agradeço o privilégio da convivência e por oportunizarem a mim o contato com a língua de sinais. Vocês são os maiores responsáveis por eu estar aqui hoje.
Encerro com breve citação de uma grande educadora do início do século XX:
“Aprender é sempre adquirir uma força para outras vitórias, na sucessão interminável da vida. Os adultos aconselham freqüentemente às crianças a vantagem de aprender, vantagem que tão pouco conhecem e que a si mesmos dificilmente seriam capazes de aconselhar. Pode ser que um dia cheguem a mudar muito, e dêem tais conselhos a si mesmos. Daí por diante, o mundo começará a ficar melhor” (Cecília Meireles).
Que momento oportuno para acolher tal reflexão e plantá-la na boa terra do nosso coração, mais do que qualquer adulto, por excelência, temos essa tarefa: ensinar aos nossos alunos o gosto pelo conhecimento e fazermos o mesmo, aprender sempre.
A primeira palavra-chave exprime um mínimo do nosso espírito que transborda gratidão. A segunda resgata a essência de tudo que vivemos neste breve passado e faremos questão de recordar no futuro: ESPECIAL, não só per sermos futuros profissionais da Educação Especial, afinal, tudo foi muito especial nestes anos de formação: cada semestre, o 1º iniciado em março de 2001, cada professor com sua particularidade, cada fato, cada pessoa, cada aluno, principalmente os chamados “especiais”. Para a sociedade é visível o quanto eles são diferentes, o quanto se desviam do padrão; o que a sociedade não sabe ou ainda não descobriu é a riqueza que esta diferença proporciona àqueles que se permitem aprender com eles... Felizardos somos, pois escolhemos justamente este público.
ESPECIAIS, nos formamos. Pela frente: grandes tarefas e grandes realizações!
Muito obrigado!!!

terça-feira, julho 19, 2005

Mira, que bello!

Al niño de la pieza

¿Quién lo conocía?
¿Quién podría decir?
¡Pero es verdad!
Tan sencillo...
Tan hermoso...
Y siempre serás... ¡ Un niño!
Es decir...
El niño de la pieza
Vamos, ¡Entre!
Abras la puerta y allí
Lo encuentrarás...
Sostenido en amor...
Haciendo de las palabras...
¡Un gran juego de fiesta!
¿Ya lo conoces?
Te lo voy a presentar:
El niño es Andrés y
Su pieza es el mundo.”

Te quiero mucho, más do que lo que puedas imaginar...
PS.: ¡Hoy he descubierto que estoy embarazada!!! Alegrase conmigo.

Palabras de mi maestra de Español, Tania Mello, en la clase nel día 22 de octubre; día en que ella e su esposo descubrieran que serán padres. Este poema és una respuesta de la lectura que Tania hice de mi “Portifólio”. Niño de la pieza nada mais é que Menino do Quarto!

Clase de Español - Sentimientos y Personas

Primera lección de Español con Tania Mello
11 de mayo de 2004.
“Puñados de Polvo” (Juana de Ibarborou)

Por la persiana entornada, al comedor en penumbra, un rayo de Sol matinal. Y por la misma rendija sale a la calle oblicua hacia arriba, una banda ancha y dorada de moléculas. Parece una legión de bailarinas, pues, mirando atentamente, veo que cada uno de los puntitos rubios gira de una manera vertiginosa sobre sí mismo. Si yo supiera física, ¡cuantas observaciones podría hacer ahora! Pero no sé nada más que imaginar y soñar. Y miro con envidia a esa bandada de átomos que se va a correr el mundo, llevándose quizás el secreto de todos mis intimidases. OH granitos de polvo que vais a ver lo que yo no he de mirar jamás: ¡bosques, mares, ciudades, templos, auroras boreales, maravillas! De soplo en soplo, de ráfaga en ráfaga, recorréis la tierra, sorprenderéis el secreto de mil casas y de mil mujeres y cuando el viento os vuelva a traer otra vez a este lugar, quizás haya transcurrido un montón de siglos. Yo no seré más que un puñadito de polvo amarillo. Y entonces me iré a danzar y à correr por el mundo con vosotros.
"A professora Tania conseguiu me cativar... Este foi o primeiro texto que ela usou na primeira aula de Espanhol que eu e a Fernanda (hoje nos EUA) tivemos em maio de 2004."

domingo, julho 17, 2005

Um acróstico!

André Luís Onório Coneglian

Agradeço a Deus pela sua vida e pelo
Novo nascimento em Cristo Jesus
Deus dar-lhe-á vitória sem par
Removendo de seu coração, as tristezas
Enchendo-o da mais pura beleza

Leva para sempre às pessoas
Uma palavra alegre e boa
Incentivando-as a andar na luz, ou
Seja, nos caminhos de Jesus.

O Deus que habita em você
Não dormita e suas angústias, Ele as exterminará.
Os seus dias serão doces e tranqüilos, se
Renunciar tudo o que é mundano; buscando
Intimidade maior com Deus, encontrará
O refúgio seguro para qualquer ato insano.

Como vê, se Cristo for o centro do seu ser,
Os seus feitos, tudo mudará em você...
Novo homem será, muitas oportunidades terá.
Esquecerá as mágoas do passado,
Grandes realizações no futuro conseguirá.
Louvado seja o meu Deus, por esse jovem,
Instrumento precioso, alvissareiro
A fim de executar projetos, altaneiros
Nesta terra brasileira.

Alvissareiro= Adj. 1. promissor, auspicioso.
S. m. 2. aquele que dá, promete ou recebe alvíssaras.
3. aquele que anuncia alvíssaras.
Alvíssaras= S. f. 1. prêmio que se dá a quem anuncia
boas novas. 2. boas notícias, boas novas.
Jandira Hernandes
14 de setembro de 2004.

A dona Jandira foi minha professora de Português na 5ª e 6ª série do Ensino Fundamental; essa atitude tão comovente - presentear-me com este acróstico, foi a expressão dos sentimentos que a leitura do meu livro “Contos, Crônicas e Poemas” causou na minha ex-professora e não só, mas também, querida irmã em Cristo. Deu-me o privilégio também, no 3º ano de Faculdade, revisar o Português de toda minha pasta de estágio, o famoso "Portifólio". Gratificante toda esta vivência! A nota 10 não abarca a essência de toda essa "gravidez" que foi o Portifilho!!!! Obrigado, dona Jandira...

O que dizem e escrevem "about me"



Aniversário do Menino (do Quarto)

Um dia, antes que eu soubesse que minha vida se tornaria um caos, depois dos meus primeiros erros realmente grandes, conheci um menino, que acendeu a luz e me mostrou que ainda havia ouro nesta mina escura.
É um menino silencioso e calmo, que põe palavras nos meus dedos e sorriso nos meus olhos. Ele conhece minha alma de um jeito especial, sou transparente para ele. Se pudesse, dar-lhe-ia uma grinalda feita com palavras “SUBLIME” – “PLENITUDE” – “AMIZADE” – “VERDADE” – “GRAÇA” e “VIRTUDE”, eu poderia usar muitas outras, mas as que realmente importam são as que agora transbordam em meu coração.
Hoje poderia ser só mais um dia, e eu já comemoraria apenas por estar viva, mas é mais que um simples dia, é a comemoração, o dia de lembrar que Deus abençoou a Terra com alguém que ele não pode guardar só para Si, de tão bom que era Ele quis dividir. Hoje é dia de prece, de gratidão, porque Deus trouxe ao mundo você, meu amigo.
O aniversário é seu, o presente é de que te conhece.
Beijos, amado Menino do Quarto.

Palavras de Priscila Mendonça (agora Fernandes), no dia 15 de janeiro de 2004, ocasião em que eu completei 23 anos de idade. Não sei as mereço... e registro-as aqui apenas para mostrar o quanto sou privilegiado... AMIGOS SÃO UMA FORMA ANIMADA DE POESIA, já escreveu Cecília Meireles. Vou dedicar este espaço para apresentar algumas destas "poesias animadas". Raridades!!!

domingo, julho 10, 2005

Férias! Formado!!


Daqui um pouco poderei dedicar-me melhor a este blog. Cuidar dos vulcões, da rosa, do meu B612 particular!!!Afinal, eu terminei a graduação, dia 23 de julho eu me formo! Que dia feliz! Obrigado, Senhor Jesus!

quinta-feira, maio 26, 2005

Eu voltei!!!

Este longo período sem escrever aqui (três meses é muito tempo) pode ser explicado de muitas maneiras. a Primeira é que eu não estava me entendendo com este programa! Segundo: o tempo é uma pedra rara e preciosíssima atualmente! Vou me dedicar mais ao que realmente me coloca num estado de satisfação em breve: escrever, ler, escrever, ler, escrever, ler. Sinto saudades das palavras de Cecília Meireles... Mais um pouco e remediarei tal problema!!!!

sábado, março 05, 2005

Inaugurando o meu novo espaço

Quem diria... "nunca deixarei de escrever uma carta com meus próprios punhos", realmente, não deixei de escrevê-las, mas tornaram-se esporádicas, quase raras!!!

Tecnologia, fui afetado, estou aprendendo a domá-la. Este bicho é muito complexo!!!