O Quarto do Menino

"No meu quarto que eu lia, escrevia, desenhava, pintava, imaginava mil projetos, criava outros mil objetos... Por isso, recebi o apelido de 'Menino do Quarto', título que adotei como pseudônimo e hoje, compartilho neste 'Quarto Virtual do Menino', o que normalmente ainda é gerado em meu próprio quarto". Bem, esse início já é passado; o 'menino' se casou (set/2008); há agora dois quartos, o do casal e o da bagunça... Assim, diretamente do quarto da bagunça, entrem e fiquem a vontade! Sobre a imagem de fundo: A primeira é uma reprodução do quadro "O Quarto" de Vicent Van Gogh; a segunda, é uma releitura que encontrei no site http://www.computerarts.com.br/index.php?cat_id=369. Esta longe de ser o MEU quarto da bagunça, mas em 2007, há um post em que cito o quadro de Van Gogh. Como disse, nada mais propício!!!... Passaram-se mais alguns anos, e o quarto da bagunça, já não é mais da bagunça... é o Quarto do Lorenzo, nosso primogênito, que nasceu em dezembro de 2010!

sábado, julho 23, 2005

Discurso do Orador


André Luís Onório Coneglian - Formatura: Pedagogia - Educação Especial
Turma: Lígia Assumpção Amaral

Representar uma turma em plena formatura não é tarefa pouca. Exprimir em algumas palavras os sentimentos de todos os formandos pela celebração desta conquista tão importante, que compreende não menos que quatro anos e seis meses.
É necessário deslocar-me da condição de formando, por este breve instante, para conseguir chegar ao final da leitura deste texto sem interrupções: embargar a voz, pigarrear para disfarçar as lágrimas... Farei um tremendo esforço para assim proceder até o final.
Duas palavras-chaves podem abarcar a essência deste momento ímpar em nossas vidas de formandos: GRATIDÃO e ESPECIAL. Vou iniciar pela primeira palavra.
Ao Rei eterno, imortal e invisível, o único Deus; a Ele sejam dadas a honra e a glória, para todo o sempre. Obrigado! Ah, como se torna uma palavra pequena e efêmera diante do Criador de tudo e de todos, pois ao Senhor pertence as nossas vidas, cada manhã que levantamos, o ar que respiramos, a saúde que nos susteve... reconhecemos que não estaríamos aqui se não fosse pela vontade do Deus Soberano. “Com efeito, grandes coisas fez o Senhor por nós, e por isso, estamos alegres” (Salmo 126, versículo 3).
Nosso peito se inflama de gratidão àqueles que foram responsáveis pela nossa básica e primeira educação: amados pais e mães. Principalmente àqueles que, com corações apertados, de preocupação e saudades, emprestaram seus filhos queridos a esta cidade. É por causa desta dedicação e cuidado, seja ele financeiro, emocional, pelas palavras de incentivo, de perseverança, que souberam esperar pacientemente por cada feriado prolongado, principalmente as férias, para que ambos, pais e filhos, pudessem abrandar a ansiedade e a necessidade de retornar ao lar doce lar... Esta noite representa o alívio e a celebração de todas as lágrimas derramadas, de toda a dor no peito por não estar perto das pessoas mais íntimas, a canseira daqueles que viajaram uma, duas horas por dia, todo dia, ida e volta de segunda a sexta-feira, por residirem nas cidades vizinhas, ou quase vizinhas... A formatura é nossa: formandos e pais dos formandos. Por tudo isso, que a uma só voz declaramos: Muito obrigado pai e mãe; muito obrigado família!
Obrigado e muito obrigado mesmo aos nossos mestres, afinal, num curso de formação de professores, o exemplo de satisfação e empenho no que fazem, acrescentou e muito em nossa formação. O tripé da Universidade: ENSINO, PESQUISA e EXTENSÃO, esteve muito bem representado e pudemos, durante este processo de quatro anos e meio, absorver um pouco de cada exemplo, somar à especificidade e personalidade de cada um, resultando em um grupo tão heterogêneo como este, conscientes de que a formação contínua a nós nos pertence.
Gratidão também resume nossos sentimentos em relação aos amigos, companheiros de cada dia de aula, estágios, seminários, greves, avaliações, projetos de extensão, relatórios de bolsas, TCC... Quantas coisas enfrentamos e descobrimos juntos, não é mesmo?! Com certeza nossos agradecimentos são recíprocos pela oportunidade e privilégio que cada um de nós tivemos por conviver com pessoas tão diferentes, que muito acrescentaram em nossas vidas. Estamos encerrando uma graduação e por isso receberemos um diploma, mas o que este período proporciona e o papel não contempla é exatamente isto: a riqueza destas vivências (os apelidos, as histórias de aulas, de repúblicas, até mesmo de discussões e ânimos alterados, cumplicidade, ombros, lenços, conselhos, tudo baseado na lei da reciprocidade, enfim), por isso, são amigos mais chegados que irmãos; e mesmo que sejamos potenciais competidores no mercado de trabalho, aprendemos a respeitar e valorizar as competências e talentos de cada um, conscientes que não sabemos nem podemos saber tudo; a cooperação e a ajuda mútua será sempre bem-vinda.
Agradecemos a todo o corpo integrante da Universidade Estadual Paulista, do Campus de Marília, principalmente aos funcionários, todos que fazem parte deste processo, de todas as sessões da faculdade, principalmente da Seção de Graduação: Regis e Edson, sentiremos falta de pegar em seus pés! De usar os serviços de informações do Ditinho... (professor não vem, Dito; que sala temos aula, Dito; e a greve Dito, sai ou não sai...) Já sentimos falta das filas no xerox do Hércules, de ir apressadamente à biblioteca no intervalo das aulas e enfrentar mais filas... Até da cantina que nossa turma usufruiu nos primeiros anos, a qual já não existe mais.
Enfim, essa é a nossa história na universidade resumida em poucas palavras.
Agradecemos a todas as pessoas que fazem parte deste processo: velhos amigos, que seguiram outros caminhos, mas que nesta noite também se alegram conosco... Peço permissão para fazer um agradecimento particular: aos meus amigos e irmãos, intérpretes e surdos. Agradeço o privilégio da convivência e por oportunizarem a mim o contato com a língua de sinais. Vocês são os maiores responsáveis por eu estar aqui hoje.
Encerro com breve citação de uma grande educadora do início do século XX:
“Aprender é sempre adquirir uma força para outras vitórias, na sucessão interminável da vida. Os adultos aconselham freqüentemente às crianças a vantagem de aprender, vantagem que tão pouco conhecem e que a si mesmos dificilmente seriam capazes de aconselhar. Pode ser que um dia cheguem a mudar muito, e dêem tais conselhos a si mesmos. Daí por diante, o mundo começará a ficar melhor” (Cecília Meireles).
Que momento oportuno para acolher tal reflexão e plantá-la na boa terra do nosso coração, mais do que qualquer adulto, por excelência, temos essa tarefa: ensinar aos nossos alunos o gosto pelo conhecimento e fazermos o mesmo, aprender sempre.
A primeira palavra-chave exprime um mínimo do nosso espírito que transborda gratidão. A segunda resgata a essência de tudo que vivemos neste breve passado e faremos questão de recordar no futuro: ESPECIAL, não só per sermos futuros profissionais da Educação Especial, afinal, tudo foi muito especial nestes anos de formação: cada semestre, o 1º iniciado em março de 2001, cada professor com sua particularidade, cada fato, cada pessoa, cada aluno, principalmente os chamados “especiais”. Para a sociedade é visível o quanto eles são diferentes, o quanto se desviam do padrão; o que a sociedade não sabe ou ainda não descobriu é a riqueza que esta diferença proporciona àqueles que se permitem aprender com eles... Felizardos somos, pois escolhemos justamente este público.
ESPECIAIS, nos formamos. Pela frente: grandes tarefas e grandes realizações!
Muito obrigado!!!

Um comentário:

Unknown disse...

Sempre sábio com as palavras... Lindo discurso!