O Quarto do Menino

"No meu quarto que eu lia, escrevia, desenhava, pintava, imaginava mil projetos, criava outros mil objetos... Por isso, recebi o apelido de 'Menino do Quarto', título que adotei como pseudônimo e hoje, compartilho neste 'Quarto Virtual do Menino', o que normalmente ainda é gerado em meu próprio quarto". Bem, esse início já é passado; o 'menino' se casou (set/2008); há agora dois quartos, o do casal e o da bagunça... Assim, diretamente do quarto da bagunça, entrem e fiquem a vontade! Sobre a imagem de fundo: A primeira é uma reprodução do quadro "O Quarto" de Vicent Van Gogh; a segunda, é uma releitura que encontrei no site http://www.computerarts.com.br/index.php?cat_id=369. Esta longe de ser o MEU quarto da bagunça, mas em 2007, há um post em que cito o quadro de Van Gogh. Como disse, nada mais propício!!!... Passaram-se mais alguns anos, e o quarto da bagunça, já não é mais da bagunça... é o Quarto do Lorenzo, nosso primogênito, que nasceu em dezembro de 2010!

segunda-feira, março 30, 2020

Whatsapp de 2004


Nesses dias de isolamento social, vasculhando caixas que guardam recordações, dentro de um diário, na última página, um bolso feito com as duas últimas folhas, encontro alguns papéis.
O que se destacou entre eles foi uma folha que continha, além da minha letra, outra caligrafia diferente, a de uma grande amiga, Aldine. Cursamos, na mesma turma o curso de Pedagogia, na Unesp de Marília-SP, de 2001 a 2004.
Concluímos a graduação em julho de 2005. Nós dois na Pedagogia, ambos escolhemos a Educação Especial, ela a habilitação em Deficiência Física e eu, a Deficiência Auditiva. Algumas disciplinas das habilitações em Educação Especial eram comuns a todas as especialidades: auditiva, física, intelectual e visual.
Guardei essa folha sem pretensão, que hoje, quase 16 anos depois, para mim é uma preciosidade: é como se nos dias de hoje, dois amigos trocassem mensagens via whatsapp durante uma aula.







Fotografei a folha e enviei para Aldine, que vive em Osasco-SP, via whatsapp. Perguntei como estavam, de que modo estavam enfrentando o isolamento social, perguntei do Lucas, o filho e da mãe. Então, Aldine lembrou outro fato: lembra que ele rebaixou nossas notas quando vocês brigaram?
Ao que respondi: como esquecer! Minha primeira e única média seis da vida inteira.
Devo ter relatado em algum diário o fato, quando encontrar posso reproduzir aqui, mas basicamente foi: o professor estava atribuindo falta aos alunos que não participavam da aula. Ticiane e eu, que não tínhamos recebido a falta, fomos falar em nome dos alunos que foram lesados.
Argumentamos que o professor tinha todo direito de descontar pontos, diminuir a nota dos alunos que não estavam participando, entretanto, atribuir falta a alunos presentes era algo muito grave. Foi o suficiente para ambos sermos atacados e o professor começou um ataque verbal a toda turma.
Tentamos ainda recorrer à sessão de graduação, a que nos recomendou procurar a coordenação pedagógica do curso... Não me recordo se chegamos a protocolar algo. A consequência desse triste episódio – o autoritarismo docente – foram médias não condizentes com o desempenho real dos alunos na disciplina. Retaliação da pior espécie.
Éramos todos professores em formação e ele nos deu o pior exemplo do que não se deve fazer com alunos. Primeiro e único professor que discuti na vida. Apesar de traumático todo esse episódio, também foi pedagógico: não seja como ele, nunca. Primeiro: prepare melhor suas aulas. Segundo: esteja aberto às demandas dos alunos, inclusive abra canais de discussão sobre a sua didática. Nunca, nunca mesmo, transforme questões de sala de aula em perseguição pessoal, muito menos, não faça do seu “poder” de atribuir notas e presenças, elemento de chantagem: se não fizerem desse modo, vocês sofrerão consequências, hahahahahah!
Minha amiga Aldine deu a ideia: “escreve uma crônica sobre seu único 6,0 da vida”. Para ajudar, tinha compartilhado outro papel, com uma oração escrita, datada em 13 de abril de 2004, ou seja, pouco menos de um mês antes da outra folha com trocas de mensagens.



“Essa oração foi na aula dele também, só pode”, disse ela, ao que eu confirmei, sim, era. “Medidas em Educação Especial”, o título da disciplina. E como vocês podem verificar pelo histórico, não foi 6,0 e sim 6,5, tão bonzinho esse professor.


Comprometedor tantos dados assim, mas, aviso aos leitores: não fiquem especulando quem era o professor, não vale a pena quem era, vale o aprendizado com tudo isso. Claro que depois de formado, ainda participando de cursos e eventos na Unesp, reencontrei esse professor. Reinava o formalismo, a polidez, a educação. Ele está aposentado há muitos anos.
A conclusão: viva as recordações, viva a amizade, viva a oportunidade de crescer e amadurecer, sempre! Obrigado Aldine pela sugestão. Feito. Espero que goste do resultado desta “crônica”!

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