Desde o princípio da leitura, levantei a suspeita de que Edna foi uma menina e é, hoje uma mulher idosa, cheia de vigor, superdotada. Todos os indicadores e características estão presentes em seu relato de vida, contados no livro: "Uma mulher extraordinária: a parteira que construiu um hospital e mudou o mundo", 2021, Editora Globo, tradução de Cláudio Carina.
Numa das últimas páginas, lemos: "[...] Eu morreria se não fosse necessária ou não tivesse um desafio a enfrentar. Nasci com a motivação de consertar coisas" (p. 296). Senso de missão em nível altíssimo a vida inteira.
Entretanto, a época em que nasceu, o país, a família, todo seu entorno de existência foram obstáculos que dificultaram ou - porque não, forjaram Edna ser a Edna que ficou mundialmente conhecida. Sua luta para que mulheres tivessem serviços adequados de pré e pós-natal, a um parto em condições necessárias para manter a saúde da mãe e do recém-nascido.
Toda sua vida, ao que pese as mais diversas e adversas circunstâncias - origem, língua, gênero - ela se forma como enfermeira em Londres e regressa ao seu país para estar ao lado do seu pai, como sempre esteve, desde os 12 anos de idade, agora como profissional da saúde formada.
O relato da mutilação genital que ela sofreu aos oito anos de idade é um dos textos mais chocantes que li na minha vida até hoje. A empatia que criei com ela desde o início, especialmente essa identificação por seu encantamento com o conhecimento, a curiosidade e o desejo de aprender sempre, vem abrupta e detalhadamente o relato do seu pior trauma de existência.
A seguir, compartilho os trechos que destaquei, de algum modo, 90% deles relacionados a esse perfil da superdotação. O livro não trata, obviamente sobre isso, vale a leitura na íntegra e, como escrevi no status no whatsapp, aprendi que existe um território independente chamado "Somalilândia" que não é a mesma que a Somália.
Uma vida inteira de quase nove décadas para realizar a missão para a qual nasceu, recheada de dores, perdas, traumas...
Assim que terminei a leitura, busquei mais informações sobre Edna e seu hospital. Assisti sua palestra no TED Talk e vi as fotos do site oficial do hospital que ela construiu e administra.
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