O Quarto do Menino

"No meu quarto que eu lia, escrevia, desenhava, pintava, imaginava mil projetos, criava outros mil objetos... Por isso, recebi o apelido de 'Menino do Quarto', título que adotei como pseudônimo e hoje, compartilho neste 'Quarto Virtual do Menino', o que normalmente ainda é gerado em meu próprio quarto". Bem, esse início já é passado; o 'menino' se casou (set/2008); há agora dois quartos, o do casal e o da bagunça... Assim, diretamente do quarto da bagunça, entrem e fiquem a vontade! Sobre a imagem de fundo: A primeira é uma reprodução do quadro "O Quarto" de Vicent Van Gogh; a segunda, é uma releitura que encontrei no site http://www.computerarts.com.br/index.php?cat_id=369. Esta longe de ser o MEU quarto da bagunça, mas em 2007, há um post em que cito o quadro de Van Gogh. Como disse, nada mais propício!!!... Passaram-se mais alguns anos, e o quarto da bagunça, já não é mais da bagunça... é o Quarto do Lorenzo, nosso primogênito, que nasceu em dezembro de 2010!

sábado, abril 22, 2006

Que língua é esta? (III)

O assunto ganhou tamanha notoriedade que, devido à sua importância, decidiu-se realizar uma Assembléia Geral; geral mesmo, pois, rompendo as barreiras do tempo e espaço, da realidade e ficção, ilustres representantes marcaram presença.

O local escolhido foi a Terra do Nunca, por dois grandes motivos convincentes: 1º) Seria contraditório escolher qualquer cidade ou estado brasileiro para não alegarem preferências e, portanto, deturpar a decisão final sobre o assunto em questão. 2º) A Terra de Peter Pan não possui tempo cronológico; durasse uma hora, dez ou mil anos, a Terra do Nunca não acusaria a passagem temporal, afinal, a tarefa não é nada fácil!

O Capitão Gancho publicou uma nota à imprensa dizendo que não se intrometeria em assuntos brasileiros.

“Segundo o artigo 13, no capítulo III, da Constituição, a língua portuguesa é o idioma oficial da República Federativa do Brasil.” – nada mais a declarar, bradou um juiz.

“Sim, Excelentíssimo, mas temos também o amazonês, baianês, mato-grossensenês, mineirês, carioquês, catarinês, paulistanês, etc... é muito mais abrangente a diversidade lingüística em nosso país, que um único e simples idioma definido legalmente pelo papel” – argumentou um professor de Língua Portuguesa.

Personagens literários também tiveram o direito de manifestar-se.

Marcelo, Marmelo, Martelo (de Ruth Rocha) foi o primeiro:

- É uma incoerência. Devemos dar o nome correto às coisas. A língua portuguesa é a língua de Portugal. No Brasil, o idioma deve ser denominado “Brasileiro”, obviamente. Aproveitaremos para renomear muitas coisas com nomes sem sentido.

- Pois eu não canso de dizer que a nossa língua deve ser o Tupi Guarani; abandonemos de vez o colonialismo. – bradou calorosamente Policarpo Quaresma.

Muitos outros usufruíram do direito de falar, cada qual com vocabulário, de épocas e palavras diferentes, com sotaques e pronúncias peculiares...

- Gente, prestem atenção em mim – esperneou Emilia, a boneca de pano. – Vejam, até para discutirmos e discordarmos, nos entendemos muito bem. Celebremos a diversidade e a criatividade do fenômeno lingüístico-cultural: falemos, escrevamos, comuniquemo-nos e viva a língua do Brasil – ou dos Brasis...

A boneca multicolorida foi ovacionada por tão eloqüente contribuição. Todos se convenceram da inutilidade de discutir algo desta natureza.

- Mas, gente, porque vocês jogaram ovo na coitada da Emília... – externou a esposa de Caco Antíbes.

- Cala a boca, Magda! – bradou o mesmo.
André Coneglian
Abril de 2006.

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