O Quarto do Menino

"No meu quarto que eu lia, escrevia, desenhava, pintava, imaginava mil projetos, criava outros mil objetos... Por isso, recebi o apelido de 'Menino do Quarto', título que adotei como pseudônimo e hoje, compartilho neste 'Quarto Virtual do Menino', o que normalmente ainda é gerado em meu próprio quarto". Bem, esse início já é passado; o 'menino' se casou (set/2008); há agora dois quartos, o do casal e o da bagunça... Assim, diretamente do quarto da bagunça, entrem e fiquem a vontade! Sobre a imagem de fundo: A primeira é uma reprodução do quadro "O Quarto" de Vicent Van Gogh; a segunda, é uma releitura que encontrei no site http://www.computerarts.com.br/index.php?cat_id=369. Esta longe de ser o MEU quarto da bagunça, mas em 2007, há um post em que cito o quadro de Van Gogh. Como disse, nada mais propício!!!... Passaram-se mais alguns anos, e o quarto da bagunça, já não é mais da bagunça... é o Quarto do Lorenzo, nosso primogênito, que nasceu em dezembro de 2010!

domingo, abril 16, 2006

Assim circula a sociedade

E o círculo casou-se com a circulo e tiveram circulinhos; cresceram, tornaram-se círculos bonitos e vistosos que casaram-se com outros círculos igualmente bonitos e vistosos que por continuidade tiveram lindos circulinhos...

Assim circula a sociedade dos círculos, tão fluída e constante e circulante, senhores e senhoras círculos, respeitosos, profissionais, trabalhadores; jovens e adolescentes e crianças e bebezinhos circulinhos com raios e diâmetros milimetricamente perfeitos para cada faixa etária; tudo em perfeita harmonia geométrica, circular, obviamente.

Até que encontraram um bebê quadrado aos berros numa das rotatórias da cidade circular.

- Oh!!! Uma aberração!
- O que faremos com este ser?
- Não há o que dizer? É horrendo o destino deste pequeno monstro; olha estes quatro cantos... nunca vimos algo parecido; como circulará, como poderá ir e vir por si só? De certo, não sobreviverá!
- Não seja cruel!
- Não sou, apenas externo a constatação de um fato.

O fato abalou aquela sociedade que, desde então viveu abalos constantes... o quadradinho cresceu e sobreviveu, contradizendo todas as previsões e possibilidades... casou-se com uma círculo, sofrendo toda a vida, juntamente com o marido, a crueldade da discriminação. Aqui e ali nasceram outras formas igualmente estranhas para a sociedade dos círculos, que classificaram como esdrúxulas e medonhas: triângulos, retângulos, polígonos, trapézios...

A sociedade circular não era mais a mesma! Entre eles mesmos passou a existir uma forma variante de círculo, formas ovais de diferentes curvaturas; eram tolerantes com os ovais, apenas isso, tolerantes...

Piorou quando passaram a surgir retas, semi-círculos e ângulos... “certamente vivemos um caos! O que seremos daqui mais uns tempos?! Traços? Pontos? E nada mais...”- perguntaram-se os círculos.

Mas a sociedade prosseguia: de todas as formas e tamanhos; aprenderam que a tolerância proporcionava o nascimento de outras virtudes, nunca antes imaginadas possíveis. Até os mais resistentes - os círculos - aprenderam e evoluíram muito.

“Pois é meus netinhos, não consigo imaginar como meus bisavós suportavam aquela monotonia circular... penso que foi isto que fez a minha avó casar-se com meu avô quadrado! Eu o amava muito também” – falava a senhora triângulo para seus três netinhos: triangulo eqüilátero, isósceles e o retângulo.

A Geometria sorria satisfeita por perceber que a harmonia entre todas as formas geométricas tornou-se real, independente de serem círculos ou por possuírem cantos ou pontos.

André Coneglian
14 de abril de 2006.

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