O Quarto do Menino

"No meu quarto que eu lia, escrevia, desenhava, pintava, imaginava mil projetos, criava outros mil objetos... Por isso, recebi o apelido de 'Menino do Quarto', título que adotei como pseudônimo e hoje, compartilho neste 'Quarto Virtual do Menino', o que normalmente ainda é gerado em meu próprio quarto". Bem, esse início já é passado; o 'menino' se casou (set/2008); há agora dois quartos, o do casal e o da bagunça... Assim, diretamente do quarto da bagunça, entrem e fiquem a vontade! Sobre a imagem de fundo: A primeira é uma reprodução do quadro "O Quarto" de Vicent Van Gogh; a segunda, é uma releitura que encontrei no site http://www.computerarts.com.br/index.php?cat_id=369. Esta longe de ser o MEU quarto da bagunça, mas em 2007, há um post em que cito o quadro de Van Gogh. Como disse, nada mais propício!!!... Passaram-se mais alguns anos, e o quarto da bagunça, já não é mais da bagunça... é o Quarto do Lorenzo, nosso primogênito, que nasceu em dezembro de 2010!

terça-feira, abril 01, 2025

CAMINHANDO E FILOSOFANDO

Às 18h30, fui buscar pão no mercado aqui próximo de casa, ainda que seja apenas duas quadras, é uma caminhada que permite muitos pensamentos. E, pelo horário, o trânsito estava um caos; atravessar a Avenida Higienópolis é demorado e perigoso.

Na caminhada de hoje, lembrei de um trecho da série Sense8 – a única série que me permito rever e rever os episódios, trecho do qual fiz uma postagem em 15 de maio de 2023 (Instagram/Facebook), cujo print mostro abaixo:

 



Segue sendo assustador imaginar que este tipo de homem continua circulando entre nós. Veja bem, não há nenhum mal em ser “simples” e guiar-se por uma filosofia de vida que se resume a “comer, beber, cagar, foder… e lutar por mais”. O problema é forçar as pessoas de sua convivência a engolir este tipo de filosofia, na maior parte do tempo de jeito truculento e intimidador.

Lembrei da canção “Casa no campo”, cantada por Elis Regina, associando com uma imagem de uma publicação do Instagram, de tantas imagens estáticas e em movimento que entupi minhas vistas (cansadas) no dia de hoje:


Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa compor muitos rocks rurais
E tenha somente a certeza
Dos amigos do peito e nada mais

Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa ficar do tamanho da paz
E tenha somente a certeza
Dos limites do corpo e nada mais

Eu quero carneiros e cabras
Pastando solenes no meu jardim
Eu quero o silêncio das línguas cansadas

Eu quero a esperança de óculos
E meu filho de cuca legal
Eu quero plantar e colher com a mão
A pimenta e o sal

Eu quero uma casa no campo
Do tamanho ideal, pau-a-pique e sapê

Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos e livros, e nada mais
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos, meus livros e nada mais
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos e livros, e nada mais

 

Desde que conheci esta música, eu sempre quis esta casa no campo. Entretanto, como frequentei algumas casas no campo desde a infância, sabia que o trabalho no campo é árduo, cuidar de plantações e animais. Talvez uma “simples” chácara, como a que fomos convidados para conhecer e passar umas horinhas na piscina (ou na beira da piscina, como eu fiquei, sendo devorado por borrachudos).

Apesar disso, foi uma tarde muito interessante, se eu contar que a chácara é de um casal de médicos, com uma filha única pré-adolescente, pomar com várias árvores diferentes – jaqueira, mangueira, jabuticabeira, pitangueira, etc... e flores, e uma “casa de boneca” de madeira enorme e, dentro da casa principal um quarto dedicado ao hobby do homem – aeromodelismo.

É uma realidade ainda distante de nós (minha família e eu), enfrentando o cotidiano para pagar aluguel, alimentação e umas poucas regalias (internet, lanche de vez em quando, etc).

Quero deixar claro que, na minha caminhada atrás dos dez pães e 1 litro de leite, eu pensei no trecho da série Sense8 e também num filme que amo “Peixe Grande e suas histórias maravilhosas”, apresentado pelo amigo Gilson Cardoso à nossa equipe da época no Núcleo de Atendimento Psicopedagógico, da Secretaria Municipal de Educação de Marília-SP.

“Peixe Grande e suas histórias maravilhosas” tem um enredo lindo, encantador, todo ele. Todavia, há um trecho-chave, cujo acontecimento na história faz todo enredo possível. Se você pretende assistir ao filme – o que recomendo fortemente, o spoiler que darei logo mais não estraga a experiência.

O personagem principal, quando adolescente junto com outros dois amigos, descobrem como irão morrer, cada um de um modo e épocas diferentes. E, desde então, esta questão me atormenta: como seria se eu soubesse o modo e quando irei morrer, viveria os dias até lá de modo melhor e mais intenso? É possível tantas elucubrações acerca de viver sem saber o dia e enredo da própria morte... Então como gastar todos estes dias?

Neste momento em que me organizei para registrar os pensamentos e os questionamentos, obviamente, outras ideias e associações foram surgindo e, simplesmente fui adicionando, como a letra de “Casa no Campo” e a breve descrição da visita à chácara do casal de médicos.

Basicamente, pensamentos e questionamentos sobre o nonsense que é estar vivo e consciente sobre a existência, ou seja, nada novo debaixo do sol escaldante, da promessa chuva, de terremotos catastróficos em terras longínquas, com pouquíssimas almas dispostas a sentarem e escutarem nossas neuroses...

E você que me lê, vivo, provavelmente (e eu, terei partido?), a vida é simples? Comer, beber, cagar, foder e lutar por mais? Ou mais do que o funcionamento fisiológico de um animal mamífero?

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