O Quarto do Menino

"No meu quarto que eu lia, escrevia, desenhava, pintava, imaginava mil projetos, criava outros mil objetos... Por isso, recebi o apelido de 'Menino do Quarto', título que adotei como pseudônimo e hoje, compartilho neste 'Quarto Virtual do Menino', o que normalmente ainda é gerado em meu próprio quarto". Bem, esse início já é passado; o 'menino' se casou (set/2008); há agora dois quartos, o do casal e o da bagunça... Assim, diretamente do quarto da bagunça, entrem e fiquem a vontade! Sobre a imagem de fundo: A primeira é uma reprodução do quadro "O Quarto" de Vicent Van Gogh; a segunda, é uma releitura que encontrei no site http://www.computerarts.com.br/index.php?cat_id=369. Esta longe de ser o MEU quarto da bagunça, mas em 2007, há um post em que cito o quadro de Van Gogh. Como disse, nada mais propício!!!... Passaram-se mais alguns anos, e o quarto da bagunça, já não é mais da bagunça... é o Quarto do Lorenzo, nosso primogênito, que nasceu em dezembro de 2010!

domingo, abril 06, 2025

A CAPACIDADE DE TENTAR COMPREENDER

O verbo tentar faz diferença na sentença-título, pois eu não entendo tudo, aliás, não entendo quase nada, na vida somos todos doutores em ignorância (não a ignorância burra, pejorativa). Na vida, mais ignoramos do que sabemos. E, no pouco que vou sabendo, tento compreender, especialmente as injustiças e contradições deste mundo. Mas, sempre será uma compreensão precária, pois faltarão muitas peças, diversas variáveis para uma análise completa.

Perdi a capacidade de acreditar. Não acredito em deus ou deuses e seus livros sagrados. Acredito menos nas pessoas, talvez haja um resquício insistente de esperança nas crianças.

Porém, é sabido que o mundo as engole. Elas tentam ser diferentes, questionam. Todavia, o mundo, o sistema, a máquina não permite e qualquer tentativa de evolução/revolução é cortada, tolhida, esmagada…

Nossa existência biológica só é possível graças à evolução, aos genes do pai e da mãe, aquela conta maluca de 4 avós, 8 bisavós, 16 tataravós, etc…

Entretanto, existir como humano consciente da finitude e o nonsense de tudo é extremamente solitário. Há possibilidades de aproximações com vivos, aproximações com mortos que registraram suas próprias tentativas de compreensão de existir. Tudo ilusão, passatempo, preenchimento das horas, desculpas para seguir.

Amigos, tive alguns. Do colégio sobraram poucos, alguns eu sigo nas redes sociais. De trabalhos anteriores, outros poucos e ainda nos encontramos. As redes sociais enganam, iludem com a ideia de “amizade”... mas eu compreendo. Está tudo mundo perdido. Tudo é tão caótico. A manutenção da vida é cara e cansativa. Não sobra tempo para as neuroses alheias (a não ser o profissional que recebe para nós fazer ouvir nossas neuroses com nossas vozes).

A constatação, nua e crua, é que somos e seremos até a última alma vivente, vazios e sozinhos… mas eu entendo! Por minha vez, que trabalho 10 horas por dia, de segunda a sexta, responsável por uma família, busco seguir a cartilha, é necessário! 

As poucas horas de “descanso” - pois a mente não descansa nunca, têm sido com vídeos idiotas (reels), memes, mensagens inspiradoras ou de revolta em inglês, espanhol, italiano… assistir filmes, séries, ler Cecília Meireles, às vezes, escrever, como agora…

E, me vem à mente (pois ela é carrasca) neste exato momento, aquele poema de Mário Quintana:


SEISCENTOS E SESSENTA E SEIS

A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa.

Quando se vê, já são 6 horas: há tempo…

Quando se vê, já é 6ª-feira…

Quando se vê, passaram 60 anos!

Agora, é tarde demais para ser reprovado…

E se me dessem – um dia – uma outra oportunidade,

eu nem olhava o relógio

seguia sempre em frente…


E iria jogando pelo caminho a c

asca dourada e inútil das horas.

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