Amigos de infância. Tive!
Onde estão?
Amigos de escola. Alguns!
Onde estão?
Amigos do trabalho. Raros!
Onde estão?
Amigos de vida. Existem?
Onde estão?
Amigos de tela. On/Off.
Mais de mil e contando.
André Coneglian
25/04/2025
"No meu quarto que eu lia, escrevia, desenhava, pintava, imaginava mil projetos, criava outros mil objetos... Por isso, recebi o apelido de 'Menino do Quarto', título que adotei como pseudônimo e hoje, compartilho neste 'Quarto Virtual do Menino', o que normalmente ainda é gerado em meu próprio quarto". Bem, esse início já é passado; o 'menino' se casou (set/2008); há agora dois quartos, o do casal e o da bagunça... Assim, diretamente do quarto da bagunça, entrem e fiquem a vontade! Sobre a imagem de fundo: A primeira é uma reprodução do quadro "O Quarto" de Vicent Van Gogh; a segunda, é uma releitura que encontrei no site http://www.computerarts.com.br/index.php?cat_id=369. Esta longe de ser o MEU quarto da bagunça, mas em 2007, há um post em que cito o quadro de Van Gogh. Como disse, nada mais propício!!!... Passaram-se mais alguns anos, e o quarto da bagunça, já não é mais da bagunça... é o Quarto do Lorenzo, nosso primogênito, que nasceu em dezembro de 2010!
Amigos de infância. Tive!
Onde estão?
Amigos de escola. Alguns!
Onde estão?
Amigos do trabalho. Raros!
Onde estão?
Amigos de vida. Existem?
Onde estão?
Amigos de tela. On/Off.
Mais de mil e contando.
André Coneglian
25/04/2025
Matei o deus que morava em minha ilusão
Habitar o mundo aguardando o Paraiso,
A vida eterna no céu, é droga fácil e útil (?)
Habitar o mundo incrédulo é pesado
Todavia, é um caminho sem volta.
Aprende-se a viver com o Oco.
Esperar o colapso desta engrenagem
bioquimicapsicofisiologica que
carrega minha existência.
E, enfim, o que fiz, acreditei, desacreditei,
falei, escrevi, espalhei ao vento
não terá importância alguma.
André Coneglian
17/04/2025
O verbo tentar faz diferença na sentença-título, pois eu não entendo tudo, aliás, não entendo quase nada, na vida somos todos doutores em ignorância (não a ignorância burra, pejorativa). Na vida, mais ignoramos do que sabemos. E, no pouco que vou sabendo, tento compreender, especialmente as injustiças e contradições deste mundo. Mas, sempre será uma compreensão precária, pois faltarão muitas peças, diversas variáveis para uma análise completa.
Perdi a capacidade de acreditar. Não acredito em deus ou deuses e seus livros sagrados. Acredito menos nas pessoas, talvez haja um resquício insistente de esperança nas crianças.
Porém, é sabido que o mundo as engole. Elas tentam ser diferentes, questionam. Todavia, o mundo, o sistema, a máquina não permite e qualquer tentativa de evolução/revolução é cortada, tolhida, esmagada…
Nossa existência biológica só é possível graças à evolução, aos genes do pai e da mãe, aquela conta maluca de 4 avós, 8 bisavós, 16 tataravós, etc…
Entretanto, existir como humano consciente da finitude e o nonsense de tudo é extremamente solitário. Há possibilidades de aproximações com vivos, aproximações com mortos que registraram suas próprias tentativas de compreensão de existir. Tudo ilusão, passatempo, preenchimento das horas, desculpas para seguir.
Amigos, tive alguns. Do colégio sobraram poucos, alguns eu sigo nas redes sociais. De trabalhos anteriores, outros poucos e ainda nos encontramos. As redes sociais enganam, iludem com a ideia de “amizade”... mas eu compreendo. Está tudo mundo perdido. Tudo é tão caótico. A manutenção da vida é cara e cansativa. Não sobra tempo para as neuroses alheias (a não ser o profissional que recebe para nós fazer ouvir nossas neuroses com nossas vozes).
A constatação, nua e crua, é que somos e seremos até a última alma vivente, vazios e sozinhos… mas eu entendo! Por minha vez, que trabalho 10 horas por dia, de segunda a sexta, responsável por uma família, busco seguir a cartilha, é necessário!
As poucas horas de “descanso” - pois a mente não descansa nunca, têm sido com vídeos idiotas (reels), memes, mensagens inspiradoras ou de revolta em inglês, espanhol, italiano… assistir filmes, séries, ler Cecília Meireles, às vezes, escrever, como agora…
E, me vem à mente (pois ela é carrasca) neste exato momento, aquele poema de Mário Quintana:
SEISCENTOS E SESSENTA E SEIS
A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são 6 horas: há tempo…
Quando se vê, já é 6ª-feira…
Quando se vê, passaram 60 anos!
Agora, é tarde demais para ser reprovado…
E se me dessem – um dia – uma outra oportunidade,
eu nem olhava o relógio
seguia sempre em frente…
E iria jogando pelo caminho a c
asca dourada e inútil das horas.
Às 18h30, fui buscar pão no
mercado aqui próximo de casa, ainda que seja apenas duas quadras, é uma
caminhada que permite muitos pensamentos. E, pelo horário, o trânsito estava um
caos; atravessar a Avenida Higienópolis é demorado e perigoso.
Na caminhada de hoje, lembrei de um trecho da série Sense8 – a única série que me permito rever e rever os episódios, trecho do qual fiz uma postagem em 15 de maio de 2023 (Instagram/Facebook), cujo print mostro abaixo:
Segue sendo assustador imaginar que este tipo de homem continua circulando entre nós. Veja bem, não há nenhum mal em ser “simples” e guiar-se por uma filosofia de vida que se resume a “comer, beber, cagar, foder… e lutar por mais”. O problema é forçar as pessoas de sua convivência a engolir este tipo de filosofia, na maior parte do tempo de jeito truculento e intimidador.
Lembrei da canção “Casa no campo”, cantada por Elis Regina, associando com uma imagem de uma publicação do Instagram, de tantas imagens estáticas e em movimento que entupi minhas vistas (cansadas) no dia de hoje:
Eu quero uma casa
no campo
Onde eu possa compor muitos rocks rurais
E tenha somente a certeza
Dos amigos do peito e nada mais
Eu quero uma casa
no campo
Onde eu possa ficar do tamanho da paz
E tenha somente a certeza
Dos limites do corpo e nada mais
Eu quero carneiros
e cabras
Pastando solenes no meu jardim
Eu quero o silêncio das línguas cansadas
Eu quero a
esperança de óculos
E meu filho de cuca legal
Eu quero plantar e colher com a mão
A pimenta e o sal
Eu quero uma casa
no campo
Do tamanho ideal, pau-a-pique e sapê
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos e livros, e nada mais
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos, meus livros e nada mais
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos e livros, e nada mais
Desde que
conheci esta música, eu sempre quis esta casa no campo. Entretanto, como frequentei algumas casas no campo desde a infância, sabia que o trabalho no campo é árduo, cuidar de
plantações e animais. Talvez uma “simples” chácara, como a que fomos convidados
para conhecer e passar umas horinhas na piscina (ou na beira da piscina, como
eu fiquei, sendo devorado por borrachudos).
Apesar disso,
foi uma tarde muito interessante, se eu contar que a chácara é de um casal de
médicos, com uma filha única pré-adolescente, pomar com várias árvores
diferentes – jaqueira, mangueira, jabuticabeira, pitangueira, etc... e flores,
e uma “casa de boneca” de madeira enorme e, dentro da casa principal um quarto
dedicado ao hobby do homem – aeromodelismo.
É uma
realidade ainda distante de nós (minha família e eu), enfrentando o cotidiano para pagar aluguel,
alimentação e umas poucas regalias (internet, lanche de vez em quando, etc).
Quero deixar
claro que, na minha caminhada atrás dos dez pães e 1 litro de leite, eu pensei
no trecho da série Sense8 e também num filme que amo “Peixe Grande e suas
histórias maravilhosas”, apresentado pelo amigo Gilson Cardoso à nossa equipe
da época no Núcleo de Atendimento Psicopedagógico, da Secretaria Municipal de Educação
de Marília-SP.
“Peixe
Grande e suas histórias maravilhosas” tem um enredo lindo, encantador, todo
ele. Todavia, há um trecho-chave, cujo acontecimento na história faz todo
enredo possível. Se você pretende assistir ao filme – o que recomendo
fortemente, o spoiler que darei logo
mais não estraga a experiência.
O
personagem principal, quando adolescente junto com outros dois amigos, descobrem
como irão morrer, cada um de um modo e épocas diferentes. E, desde então, esta
questão me atormenta: como seria se eu soubesse o modo e quando irei morrer,
viveria os dias até lá de modo melhor e mais intenso? É possível tantas
elucubrações acerca de viver sem saber o dia e enredo da própria morte... Então
como gastar todos estes dias?
Neste
momento em que me organizei para registrar os pensamentos e os questionamentos,
obviamente, outras ideias e associações foram surgindo e, simplesmente fui
adicionando, como a letra de “Casa no Campo” e a breve descrição da visita à
chácara do casal de médicos.
Basicamente,
pensamentos e questionamentos sobre o nonsense
que é estar vivo e consciente sobre a existência, ou seja, nada novo debaixo do
sol escaldante, da promessa chuva, de terremotos catastróficos em terras longínquas,
com pouquíssimas almas dispostas a sentarem e escutarem nossas neuroses...
E você que me lê, vivo, provavelmente (e eu, terei partido?), a vida é simples? Comer, beber, cagar, foder e lutar por mais? Ou mais do que o funcionamento fisiológico de um animal mamífero?