“O Jeremias” é
um filme mexicano produzido no ano de 2015; na sinopse disponibilizada em
Português já encontramos algumas incoerências e incompreensões acerca da AH/SD
(quando se refere ao protagonista como “gênio”), porém, por meio do gênero
comédia, trata de modo simples e, ao mesmo tempo profundo a temática:
Jeremias
(Martín Castro) é uma criança de 8 anos extremamente inteligente. Quando
descobre que é um gênio, com um Q.I. acima do normal, ele luta para ser bem
sucedido, apesar da ignorância e pobreza da sua família, cujo pai tenta lucrar
com a genialidade do filho. Aos 8 anos, ele precisa antecipar uma das mais
difíceis questões da vida e desvendar o que deseja ser quando crescer (O
JEREMIAS, 2015).
Com base nas
definições e dimensões dos mitos elencadas por Pérez (2003), é possível
identificarmos muitos desses mitos retratados no filme em questão. A autora
lista sete mitos, os quais se desdobram em 30 dimensões.
Os sete mitos
listados e discutidos por Perez (2003) são:
a) Mitos
sobre constituição: 9 dimensões
b) Mitos
sobre distribuição: 4 dimensões
c) Mitos
sobre identificação: 4 dimensões
d) Mitos
sobre níveis ou graus de inteligência: 3 dimensões
e) Mitos
sobre desempenho: 1 dimensão
f) Mitos
sobre consequências: 4 dimensões
g) Mitos
sobre atendimento: 5 dimensões
Assim, com base
nessas categorias, fomos identificando nas passagens do filme tais mitos e
propondo um aprofundamento para desmistifica-los. A análise é descritiva
realizada por meio da lista de mitos e suas dimensões e o modo como a narrativa
cinematográfica circula por elas.
“O Jeremias”
(2015) tem valiosa contribuição para a área de Altas Habilidades/Superdotação
pois apresenta de modo leve questões relevantes que perpassam a constituição,
distribuição, identificação e outros mitos.
O uso da
linguagem cinematográfica é recorrente nos cursos de formação de professores e
especializações e precisa ser feito e modo coerente, confrontando com dados
empíricos, apresentados em textos científicos.
Dos aspectos
familiar, social e escolar onde se desdobram as narrativas do desajuste de
Jeremias, que se percebe diferente da família, pede para ir à escola, mas ali
também não se reconhece, o que mais salta aos olhos é o modo preconceituoso e
irônico que a professora se dirige ao aluno “diferente”.
Quando é
confrontado pela professora por não saber a resposta de um questionamento,
Jeremias diz: “Sou gênio, não adivinho!”.
Referências
ANGERAMI, P. L. Cinema, educação e filosofia:
possibilidades de uma poética no ensino. 2014. Tese (Doutorado em Educação) –
Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista, Marília.
2014.
FRAGA, P. D. Sobre cinema e
educação estética. Revista Espaço
Acadêmico, Maringá, v. 12, n. 137, 2012.
O
JEREMIAS. Direção de Anwar Safa. México: Motion Picture Associating of America,
2015.
PEREZ, S. G. P. B. Mitos e
crenças sobre as pessoas com altas habilidades: alguns aspectos que dificultam
seu atendimento. Cadernos de Educação
Especial, Santa Maria, v. 2, n. 22, p. 45-59, 2003.
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o texto acima é um excerto de um trabalho escrito para o I Congresso Brasileiro de Educação para Altas Habilidades/Superdotação, em 2018, na cidade de Londrina-PR. Para ver na íntegra é só clicar aqui para acessar o arquivo PDF do mesmo.