O Quarto do Menino

"No meu quarto que eu lia, escrevia, desenhava, pintava, imaginava mil projetos, criava outros mil objetos... Por isso, recebi o apelido de 'Menino do Quarto', título que adotei como pseudônimo e hoje, compartilho neste 'Quarto Virtual do Menino', o que normalmente ainda é gerado em meu próprio quarto". Bem, esse início já é passado; o 'menino' se casou (set/2008); há agora dois quartos, o do casal e o da bagunça... Assim, diretamente do quarto da bagunça, entrem e fiquem a vontade! Sobre a imagem de fundo: A primeira é uma reprodução do quadro "O Quarto" de Vicent Van Gogh; a segunda, é uma releitura que encontrei no site http://www.computerarts.com.br/index.php?cat_id=369. Esta longe de ser o MEU quarto da bagunça, mas em 2007, há um post em que cito o quadro de Van Gogh. Como disse, nada mais propício!!!... Passaram-se mais alguns anos, e o quarto da bagunça, já não é mais da bagunça... é o Quarto do Lorenzo, nosso primogênito, que nasceu em dezembro de 2010!

sábado, janeiro 13, 2007

AS TAGARELAS E AS MORDAÇAS



A vozinha, em seus quase 80 anos de idade, que morara sozinha foi assaltada. O meliante a amarrou enquanto executava o delito. Mas a vozinha não parava de falar:

- Roubar uma senhora...

- Mas que pouca vergonha...

- Já que rouba, leva tudo, mas me deixa em paz e...

- Blá, blá, blá...

O assaltante, não agüentou tanto blábláblá. Amordaçou a vozinha e ainda jogou-lhe um pano em cima da cabeça.

Esta pequena história é verdadeira; relatou-nos Cíntia, a neta, quando estávamos na festa de aniversário da Gabriela, bisneta da vozinha, na noite de 06 de janeiro de 2007.

Por sua vez, esta história incentivou outro relato. Paula disse que sua irmã menor também fala muito - "pelos cotovelos", como dizemos por aqui. Recordou um episódio em que ela e mais dois primos da mesma idade, na época com 10 anos não agüentavam mais ouvir a pequena tagarela de 5 anos.

- Vamos brincar de polícia e ladrão?! - inventaram Paula e os primos, mancomunados.

Estrategicamente, delegaram o papel de "vítima" à tagarelinha; o ladrão a amordaçou e a escondeu.

Os três voltaram a brincar, agora sossegadamente. Tão sossegadamente que esqueceram da pequena falante no esconderijo.

Lembraram-se duas horas depois; ao tirar a mordaça, eis que a palradorazinha exclama:

- Que bom, a polícia me achou!

Ela ainda estava no espírito da brincadeira duas horas depois de ficar amordaçada e esquecida pelo ladrão e pela polícia.

A tagarelice é intrínseca ao tagarela. É como se, ao nascer, trouxessem consigo umas quinhentas mil páginas, frente e verso de fala, por isso, falam compulsivamente! Portanto, não são quaisquer mordaças e alguns minutos (ou horas, como duas, por exemplo) que os calarão. Muito pelo contrário! Penso que potencializa o efeito; devem falar muito mais e mais rápido após tirada a mordaça, seja no fato real, seja no faz-de-conta, que o digam a vozinha de 80 anos e a irmãzinha de 5.


André Coneglian
09 de janeiro de 2007.

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