Londrina-PR, 01 de
janeiro de 2025. [01/01/2025]
Hoje é feriado. Nos calendários comuns consta como "Confraternização Universal". Só mais uma contradição. Nada diferente da Hipocrisia Universal. Agora, em que inicio este texto, são 18h35m. Mais cedo, no banho, pensei: "quero escrever algo com minha destra hoje! Registrar a data 01/01/2025". E pensei num possível tema, por exemplo, as coincidências da minha insignificante existência. Sempre gostei de meu nome ser iniciado com a letra "A". Primeira letra do alfabeto (o alfabeto latino, claro). E as outras opções de nomes da minha mãe, tinha outro nome com a letra "A": Álvaro! Tão sonoro. Mas gosto de André Luís, ou me acostumei com ele (43 anos). É considerado o Espírito Evoluído no Espiritismo. Apenas para constar, a outra opção, a terceira, era Pedro Henrique. Também gosto de ter nascido no mês de janeiro. Primeiro mês do ano. Não é no primeiro dia do mês do ano, mas é na primeira quinzena do primeiro mês do ano. Gosto de ser um capricorniano - ou me acostumei a ser. Brinco que tenho medo dos aquarianos. E, segundo minha mãe, eu nasci prematuro, duas semanas pelo menos, ou seja, eu nasceria no final do mês de janeiro, seria um aquariano. Sou (fui) o primeiro filho dos meus pais. Assim, essa tríade, essas coincidências de ser o primeiro filho, nascido no primeiro mês do ano (de 1981), na primeira quinzena, e receber o nome com a primeira letra do alfabeto, consciente ou inconscientemente, ao longo da minha vida, me deixavam feliz. Mesmo sendo extremamente tímido, em nível patológico, o filho de pedreiro e dona de casa, bem-educado, excelente aluno, entretanto, inocente, neófito, bobo, idiota para as questões do mundo, da vida cotidiana no mundo, das malícias. É muito interessante e até assustador chegar à constatação, depois de muitos anos, de que nada do que sofri, nenhum dos meus traumas, dores e questionamentos foram exclusivos ou inéditos. Há um padrão. Nascer e crescer e tornar-se consciente e persistir nessa tomada de consciência, chegar à conclusão de sou uma repetição dos sofrimentos humanos. E por ser este indivíduo, com minha identidade, meus pais, contexto histórico e social, o egoísmo grita: tadinho! como sofre! porque? porque? Lembrei daquele aforismo de Clarice Lispector: ""Nascer estragou-me a saúde!". Acho que é assim, escrevendo de memória, sem pesquisar. E, o que fazer com a constatação de que sou só mais um? Seguir! Sou mais um peão neste tabuleiro, tenho lá minha significância pelos postos assumidos: filho, irmão, amigo, marido, pai... mas todos somos mais um, peões e peões neste imenso tabuleiro. Bem, a guisa de conclusão, ao pensar no que escreveria hoje, também pensei na imposição do sistema capitalista: "Time is money!". Celebrar o novo (ano), fazer planos, olhar o futuro, amanhã e semana que vem e os próximos meses e logo será dezembro novamente e de novo 01 de janeiro, até chegar a minha vez de ganhar uma lápide, mas seguirá a lógica: amanhã, semana que vem, e meus filhos terão 90 e 94 anos, amanhã e semana que vem e o próximo ano...Lembrei quando me deparei com outra perspectiva de tempo, ou de relação com o tempo. Os Aymarás contemplam o passado! Ou seja, à frente deles está o passado, a ancestralidade. Daí a importância da tradição oral, do respeito aos mais velhos. O futuro é desconhecido, não é possível olhar para ele com a nuca. Sinto a emoção, a paz que me invadiu naquela ocasião, a tranquilidade que esta perspectiva da relação com o tempo proporciona! Todavia, tudo é constructo, certo? Quero dizer, é mais uma das muitas possibilidades de entender e de habitar o mundo. Pena que muitas das "opções" impostas à humanidade são nocivas à maioria dos seres viventes e ao meio ambiente desses seres viventes, que, ao final das contas, é tudo uma "coisa" única. É isso, Escrevi! Aliviei esta tensão, esta necessidade de escrever, registrar algumas palavras... Nada muda. Seguirei o fluxo. Férias até dia 18/01. Depois recesso até 29/01. Dia 15/01/2025 completarei 44 voltas ao redor do sol. Talvez escreva mais ou não... André Coneglian, 19h13m.
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Depois de escrever
este texto, terminei de ler o livro que Lorenzo disse para eu ler
("Quatro", da Veronica Roth, da trilogia Divergente, Insurgente e
Convergente) e quis relembrar minhas impressões de leitura do livro "O
oposto de todo mundo", de Joshilyn Jackson. Peguei o livro, pesquisei a
postagem que fiz nas redes sociais quando encerrei a leitura à época... e o
título da postagem de hoje, é uma frase dita pela mãe da narradora (Paula), uma
frase marcante para mim desta história, que acaba resumindo parte do que
escrevi: aconteceu há muito tempo atrás, e de novo e novamente e mais uma
vez...
Ainda, encontrei uma referência a um texto do Umberto Eco ("Como começa, como termina", em "Diário Mínimo"), em que ele narra os
tempos de universitário de poucas posses financeiras... o texto termina
assim: "Seremos, então,
mais felizes? Ou teremos perdido o frescor de quem tem o privilégio de viver a
arte como a vida, na qual entramos quando os jogos já foram feitos e de onde saímos
sem saber como acabarão os outros?". Os "jogos" é a vida, ou
seja, os jogos já estavam acontecendo quando chegamos e iremos embora sem saber
como termina, hahahahahaha