O Quarto do Menino
"No meu quarto que eu lia, escrevia, desenhava, pintava, imaginava mil projetos, criava outros mil objetos... Por isso, recebi o apelido de 'Menino do Quarto', título que adotei como pseudônimo e hoje, compartilho neste 'Quarto Virtual do Menino', o que normalmente ainda é gerado em meu próprio quarto". Bem, esse início já é passado; o 'menino' se casou (set/2008); há agora dois quartos, o do casal e o da bagunça... Assim, diretamente do quarto da bagunça, entrem e fiquem a vontade! Sobre a imagem de fundo: A primeira é uma reprodução do quadro "O Quarto" de Vicent Van Gogh; a segunda, é uma releitura que encontrei no site http://www.computerarts.com.br/index.php?cat_id=369. Esta longe de ser o MEU quarto da bagunça, mas em 2007, há um post em que cito o quadro de Van Gogh. Como disse, nada mais propício!!!... Passaram-se mais alguns anos, e o quarto da bagunça, já não é mais da bagunça... é o Quarto do Lorenzo, nosso primogênito, que nasceu em dezembro de 2010!
sábado, julho 07, 2007
Eles vieram felizes, como
para grande jogos atléticos,
com um largo sorriso no rosto,
com forte esperança no peito,
- porque eram jovens e eram belos.
Marte, porém soprava fogo
por estes campos e estes ares.
E agora estão na calma terra,
sob estas cruzes e estas flores,
cercados por montanhas suaves.
São como um grupo de meninos
num dormitório sossegado,
com lençóis de nuvens imensas,
e um longo sono sem suspiros,
de profundíssimo cansaço.
Suas armas foram partidas
ao mesmo tempo que seu corpo.
E, se acaso sua alma existe,
com melancolia recorda
o entusiasmo de cada morto.
Este cemitério tão puro
é um dormitório de meninos:
e as mães de muito longe chamam,
entre as mil cortinas do tempo
cheias de lágrimas, seus filhos.
Chamam por seus nomes, escritos
nas placas destas cruzes brancas.
Mas, com seus ouvidos quebrados,
com seus lábios gastos de morte,
que hão de responder estas crianças?
E as mães esperam que ainda acordem,
como foram, fortes e belos,
depois deste rude exercício,
desta metralha e deste sangue,
destes falsos jogos atléticos.
Entretanto, céu, terra, flores,
é tudo horizontal silêncio.
O que foi chaga, é seiva e aroma,
- do que foi sonho não se sabe
e a dor vai longe, no vento...
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Pistoia - Cimitero Militare Brasiliano
Felici essi vennero, come
per grandi gare sportive,
con largo sorriso sui volto,
perch'erano giovani e belli.
Ma Marte soffiava fuoco
in questi campi e in quest'aure.
E ora stanno nella terra calma,
sotto queste croci e questi fiori,
cinti di soavi montagne.
Son come un gruppo di bimbi
in un dormitorio tranquillo,
con lenzuola d'immense nubi,
e un lungo sonno senza sospiri,
di profondissima stanchezza.
Le loro armi furono spezzate
insieme con il loro corpo.
E se per caso hanno un'anima
con malinconia ricordano
l'entusiamo di ogni morto.
Questo cimitero si puro
è un dormitorio di bimbi:
e le madri da lunge chiamano,
tra le mile cortine del tempo,
piene de lagrime, i loro figli.
Chiamano i loro nomi, scritti
sulle placche delle croci bianche.
Ma, con le orecchie spezzate,
con le labbra corrose dalla morte,
come rispondere, queste creature?
Quelle ancor sperano che si destino,
tal qualli furono, forti e belli,
dopo questo rude esercizio,
questa mitraglia e questo sangue,
queste false gare sportive.
Intanto, e cielo, e terra, e fiori,
tutto é orizzontale silenzio.
Quel che fu piaga, è linfa e aroma,
- di quel che fu sogno non si sa -
e il dolore va lontano, nel vento.
In: Poemas Italianos - Cecília Meireles, com versão italiana de Edoardo Bizzarri. São Paulo: Instituto Ítalo-brasileiro, 1968. p. 78-81.