Publicado originalmente no Facebook, em 20 de outubro de 2020:
Venho por meio da minha rede social informar a todos quantos interessar possa que:
Não sou mais o mesmo André da década de 1980, nem de 1990, 2000, 2010, muito menos de janeiro, fevereiro, março de 2020. Menos ainda de setembro, outubro, de ontem, de agora pouco.
Isso implica dizer que a mudança é constante, perene. Sou resultado inacabado das múltiplas influências externas que, passando ou não pelos filtros internos e, ora tendo êxito esses filtros, ora não, sendo, portanto, modificado constantemente. Isso não é ruim, pelo contrário (a metamorfose ambulante).
Uma música nova, um concerto, um texto literário, um poema, um texto acadêmico, a preparação de uma prova, novas ferramentas e tecnologias. Terminei de ler o texto de Edgar Morin "Da necessidade de um pensamento complexo", para a aula de amanhã.
Sim, voltei a ser aluno, depois de quase oito anos que terminei o doutorado (Ciência da Informação). Pretendo fazer o segundo (Doutorado em Educação). Entretanto, estou me deleitando no aqui e agora, a condição de aluno especial na disciplina sobre Complexidade e Pensamento Sistêmico, com a querida Profa. Carla Blum Vestena
Leiam esse pequeno trecho do texto e digam se não é de iluminar e explodir a cabeça (no mais maravilhoso sentido de explosão da cabeça, claro):
"[...] sabemos que todos os progressos adquiridos podem ser destruídos pelos nossos inimigos mais implacáveis: nós mesmos, dado que hoje a humanidade é a maior inimiga da humanidade.
Sabemos, atualmente, que o progresso deve ser regenerado; sabemos ainda que a barbárie constitui uma ameaça, e vivemos mais do que nunca na incerteza, porque ninguém pode adivinhar o que será o dia de amanhã.
O nosso destino é, pois, incerto, e ninguém sabe qual o destino do Cosmos.
Devemos, porém, nos situar-nos nesta incerteza. A nossa situação é, em virtude desta constatação, extremamente complexa, porque somos integralmente filhos do Cosmos e estranhos a esse mesmo Cosmos.
[...] Se pegarem um copo de vinho do Porto e o interrogarem, podem ter certeza de que nesse vinho do Porto há partículas que se formaram nos primeiros segundos do Universo, ou seja, há cerca de sete a quinze milhões de anos; há também o hidrogênio, um dos primeiros elementos a ser formado no Universo, e produtos do átomo do carbono, formado quando da existência do sol anterior ao nosso.
No copo de vinho do Porto, há a conjugação de macromoléculas que se juntaram na terra para dar origem à vida e há ainda a evolução do mundo vegetal, a evolução animal, até o homem, e a evolução técnica que permitiu ao ser humano extrair o sumo da uva e transformá-lo, através da fermentação, em vinho.
Hoje, existem técnicas mais evoluídas, mais sofisticadas, da informática, que permitem controlar, nos depósitos, a fermentação desse vinho que vai transformar-se em vinho do Porto.
Dito de outra maneira, num copo de vinho do Porto temos toda a história do Cosmos e, simultaneamente, a originalidade de uma bebida encontrada apenas na região do Douro."
Um copo de vinho do Porto! Tim tim!
Junto com as preocupações do dia, teve Exame de Suficiência da disciplina de Libras para um aluno, teve limpeza geral das pesadas na casa, teve atividade remota do Benjamin, teve a emoção de "Benedictus" por Karl Jenkins, teve Clarice, interações nos grupos de Whatsapp, disputa pelo primeiro lugar no Duolingo, teve o texto de Morin e tantas outras teias desse tecido complexo que é a vida...
Só na leitura do texto, fiz tantas viagens e links com outros textos lidos, literatura, filmes, experiências vividas com outras pessoas, sozinho... Alguns comentários que escrevi no texto:
"Queria fazer fotossíntese"; "Filme 'Nell", com Jodie Foster"; "Helen Keller, filósofa 'surda, muda e cega'"; "'[...] que o homem é o único ser vivo que acredita existir uma vida após a morte' e que é consciente dessa vida para a morte"; " e os 'sentimentos' dos elefantes quando um membro da manada morre?"; "Prometeu (o que olha para o futuro), Epimeteu (o que olha para o passado)"; "Filme 'Dr. Estranho' (o melhor neurocirurgião, impávido, perdeu o posto e teve que reaprender, foi moído, refeito e passou a não apenas ver o mundo de outro modo, mas a ver além, o multiuniverso"; "Sempre amei a ideia de 'pessoa enciclopédica': aquela capaz de falar de tudo, ainda que um pequeno verbete"; "Especialistas me assustam e me cansam, principalmente, os rígidos, inflexíveis"; "'Como adquirir a possibilidade de articular e organizar as informações sobre o mundo'"; "A fome na China, come-se animais exóticos, governo 'regula' esse mercado exótico, novos vírus, ex.: coronavírus"; "Complexus: o que se tece junto"; "'O paradigma da complexidade une enquanto distingue'"...
Eu poderia fazer outros tantos apontamentos e espero fazê-lo amanhã, na discussão e reflexão conjunta com os colegas de turma.
De novo, um copo de vinho do Porto. Tim tim!